Cosplay, uma brincadeira de faz de conta

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Cosplay é o nome que se dá à prática de se fantasiar e interpretar um personagem; um hobby que tem ganhado força entre os fãs brasileiros de cultura popular, especialmente no Rio de Janeiro e em São Paulo. Os personagens escolhidos são, geralmente, de animes (animação japonesa) e mangá (quadrinhos japoneses), mas também podem ser de filmes, séries, jogos, quadrinhos estadunidenses e até celebridades, como Amy Whinehouse. Os maiores eventos de Cosplay chegam a reunir mais de cinco mil pessoas.

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“Quando eu era pequena, sempre quis me vestir como os personagens que gostava e sair por ai fingindo que era um deles. Quando eu descobri que essa possibilidade existia, pedi para os meus pais patrocinarem o meu primeiro Cosplay, como presente de aniversário, e vi que, além da possibilidade de me vestir como os meus personagens favoritos, também era muito divertido planejar as roupas, fabricar as armas e me encontrar com mais gente que curte o personagem” conta Marina Araújo, de 18 anos, estudante de Sistemas de Informação na Associação Educacional Dom Bosco, em Resende, no Rio de Janeiro.

“Você faz muitos amigos, aprende coisas novas, pode vir a ter algum retorno financeiro e tem a oportunidade de se divertir interpretando o seu personagem. O lado ruim é que você gasta bastante dinheiro, às vezes não tem o retorno que esperava e depois de um tempo começa a ficar difícil de colocar tanto Cosplay no armário”, continua Marina.

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Aviso: as fotos dos cosplay não necessariamente condizem com as pessoas entrevistadas. Este humilde editor simplesmente colocou as melhores fotos que tinham

Dificuldades do cosplay

Pouco compreendido por quem não pratica, o Cosplay é uma forma de demonstrar o apreço que se sente pelo personagem querido. Uma atividade que exige tempo e dinheiro, uma fantasia bem elaborada pode chegar a custar muito dinheiro, mas isso não desanima os cosplayers – como são chamados seus praticantes.

“Geralmente, você gasta de 300 a 2000 reais, dependendo da complexidade. É mais difícil encontrar o sapato, o certinho é muito difícil de achar. Peruca, lente, já é mais fácil, antigamente era mais difícil”, diz  Juliana Leite, de 25 anos, estudante de Japonês na UERJ.

Nayara e Nayana Brito, irmãs gêmeas estudantes do Ensino Médio no Colégio Estadual Stella Matutina, fazem cosplay juntas e começaram a trabalhar para poder bancar suas fantasias. “Tenho cinco meses de cosplay. Decidi fazer porque sempre foi meu sonho, desde criança. Vi as pessoas se vestindo e quis fazer também”, conta Nayara. Sua irmã diz ainda que a família não via com bons olhos o hobby das meninas: “minha vó acha que a gente é louca, mas a gente gosta desde pequeninha”.

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Competição e diversão se confundem

Além da homenagem ao personagem, muitos cosplayers entram nesse meio pelos desfiles e concursos que ocorrem em diversos eventos pelo país (e no mundo), sendo o maior do Brasil o Anime Friends, que acontece em São Paulo.

“Meu primeiro evento foi em 2008, fui pro evento e fiquei só assistindo o concurso de cosplay, no próximo já queria estar lá. Eu olhei e pensei, ‘quero isso pra minha vida’”, conta Bruno Reis, de 19 anos, que, além de cosplayer, ganha dinheiro fazendo fantasias para outras pessoas.

Os maiores concursos de cosplay do Brasil, organizados pela Yamato Corp, são o Yamato Cosplay Cup (YCC), que é o campeonato individual, e o Yamato Cosplay World (YCW), a competição de duplas. Ambos têm etapas seletivas por todo o país e a final em São Paulo. O YCW ainda conta com a classificação dos três primeiros colocados para o Concurso Latino-americano de Cosplay (CLC), que engloba participantes de toda a América Latina.

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Outra competição famosa é o World Cosplay Summit (WCS), que, em sua edição brasileira, é organizado pela Editora JBC. A dupla vencedora é escolhida para representar o país na final, no Japão.

“Aqui na Yamato, no concurso de dupla, ganhar aqui no Rio dá a vaga pra dupla na final e, se ganhar lá, é sempre um prêmio surpresa, às vezes é viagem pro Japão, pra Disney do Japão. O prêmio do Individual, da última vez, foi 800 reais e uma vaga pra São Paulo”, explica Bruno.

Um pouco de história

O costume de se fantasiar em convenções começou com os fãs de Jornada nas Estrelas e jogos de RPG (jogo de interpretação de papéis, em inglês), já no final da década de 1980. Ele ainda não recebia o nome de cosplay, que só veio a se consagrar com a popularização do anime Cavaleiros do Zodíaco (Saint Seiya, no original), no final da década de 1990. O nome vem da junção de dois termos em inglês costume (fantasia) + play (brincar), sendo literalmente o ato de brincar de se fantasiar.

A partir de então, começaram a surgir convenções de anime e mangá no país, estabelecendo o cosplay como hobby. No início, predominavam os personagens de origem japonesa, mas, com o tempo, houve uma mistura gradual e, hoje, encontram-se cosplays oriundos tanto de personagens japoneses quanto de personagens de quadrinhos americanos, livros, filmes, da Disney e, ainda, de celebridades.

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Um dos atrativos desses eventos são os concursos e desfiles promovidos, incentivando os cosplayers a exibir suas habilidades de interpretação e suas fantasias. Além, claro, dos fãs a torcer pelos seus personagens favoritos.

A comunidade

 Como o cosplay é uma atividade que pode ser praticada por qualquer pessoa, é comum que nem todos se dêem bem, ainda mais quando adicionada a questão da competição. Apesar disso, o clima em muitos desses eventos é de festa e diversão, principalmente entre os cosplayers.

“A gente faz muitos amigos nesse meio, mas é bem legal, acho um ambiente bem saudável. Enquanto vários adolescentes podiam estar aí na noitada, tão brincando de se fantasiar, é muito mais legal”, opina Aline Alves, de 26 anos, que trabalha vendendo cosplays por encomenda.

Bruno, porém, conta que nem sempre foi assim: “antes de eu começar a fazer, até no começo, quando comecei a fazer, tinha discussão na fila, briga por lugar, tinha gente que chegava meio-dia e furava fila, era aquela discussão horrível, era troca de farpa o dia inteiro”.

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Marina Araújo diz ainda que existe um certo elitismo entre os cosplayers mais experientes e conceituados na comunidade “Tem gente que esquece que já foi um novato, até mesmo desprezando aqueles que eles consideram que não tem um cosplay ‘bom o suficiente’”.

Cosplay como profissão?

Na visão da maioria de seus praticantes, fazer cosplay é um hobby, mas, por ser uma atividade dispendiosa, alguns cosplayers tentam ganhar dinheiro com os talentos que adquirem ao se dedicar ao cosplay. Aqueles que costuram e vendem as roupas que fazem são conhecidos no meio como cosmakers.

“Eu tô aprendendo a costurar pra fazer minha própria roupa, que a gente economiza”, conta Juliana Leite. Assim como ela, muitos cosplayers resolvem aprender a fazer suas próprias roupas para economizar na hora de montar uma fantasia.

Bruno Reis também começou assim: “minha irmã costurava o meu cosplay e o dela, até que teve um evento que ela ficou de fazer um cosplay meu e não fez. Fiquei irritado e, no evento seguinte, peguei o tecido e fui tentando até conseguir costurar e aprendi sozinho. Depois de um ano, entrei num curso de costura e modelagem, e  comecei a fazer pra mim. Depois as pessoas começaram a perguntar e passei a fazer pra amigos”.

Aprender a costurar e criar suas próprias roupas é uma saída lucrativa para os cosplayers, uma forma de sustentar um hobby que nenhum deles quer deixar para trás tão cedo.

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Todas as fotografias foram feitas durante o Anime Family que rolou no Rio de Janeiro no dia 8/12

Texto e fotos: Mayara Barros, a estagiária oficial dos Iluminerds

 

Colaborador

Colaborador não é uma pessoa, mas uma ideia. Expandindo essa ideia, expandimos o domínio nerd por todo o cosmos. O Colaborador é a figura máxima dos Iluminerds - é o novo membro (ui) que poderá se juntar nalgum dia... Ou quando os aliens pararem com essa zoeira de decorar plantações ou quando o Obama soltar o vírus zumbi no mundo...

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