Como Eu Era Antes De Você: Um filme romântico?

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Quando pensamos em histórias de amor, pensamos em romances, certo? Quando compramos ingressos para Como Eu Era Antes de Você, pensei que fôssemos assistir a um filme de romance. Trágico, melodramático, e… açucarado. E me enganei redondamente.

Na verdade, se pensarmos bem, uma história de amor pode se dar entre pais e filhos, entre irmãos, entre amigos. Como Eu Era Antes de Você (Me Before You, 2016) apresenta uma história de amor, breve como uma paixão. Um romance inacabado, evitado, interrompido.

O relacionamento entre o casal protagonista é construído lenta, cuidadosa, respeitosa, represada, e (quase) platonicamente, até um clímax que representa sentimentos distintos para cada um dos dois. Para Lou (Emília Clark, a Daenerys Targaryen de Game of Thrones), é o momento em que Will deveria mudar seu destino e ficar com ela. Para Will (Sam Caflin, de Jogos Vorazes), é o momento em que ele tem certeza de que mudou o destino dela, de que Lou está finalmente pronta para seguir seu próprio caminho, como ele fez.

É possível dizer que a tragédia não ocorre no final, mas estava lá desde o acidente. De modo que o que ocorre no fim se trata apenas de uma decisão voluntária. Corajosa, covarde, abençoada, imperdoável, altruísta, egoísta…

Quanto ao melodrama, não vi mesmo. A trilha sonora, maior arquiteta de emoções artificiais em produções do tipo, pontuou sobriamente os momentos que pareciam a pedir. E creio que o fato do roteiro levar a assinatura da autora do livro que o inspirou ajudou a evitar a manipulação gratuita dos sentimentos da plateia. Cada acontecimento de impacto buscava um paralelo com a realidade ou um alívio cômico, jamais o choro fácil.

E por isso mesmo não considerei o filme açucarado, com clichês fáceis, frases sentimentalóides e chororôs. Havia uma situação adulta a ser enfrentada, e podemos ver como cada personagem se posicionou diante dela, com digna verossimilhança. Como o pai de Will (Charles Dance), considerando que o mais importante era respeitar a decisão de seu filho, e a mãe dele (Janet McTeer), disposta a lutar para fazer o filho mudar de ideia. Ela pensa como Lou, que acreditava que o jovem paralisado realmente mudaria de ideia, caso tivesse alguém alguém a quem amar e que correspondesse este sentimento.

Porém, o maior mérito de Como Eu Era Antes de Você não é ser um romance – embora tenha um bocado disso nele – nem de ser uma história de amor – ainda que também o seja -, mas de ser um bom filme e mostrar o que podemos fazer com a nossa vida: simplesmente o que quisermos. E que cabe a cada um de nós decidirmos.

GT

Rodrigo Sava

Arqueólogo do Impossível em alguma Terra paralela

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