Comic Con Experience: Eu Fui!

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Eu Fui! A frase batida, usada pelos fãs do Rock in Rio e capitalizada pela produção do festival, que transformou tudo em camisa vendida em magazines, é perfeita para resumir minha participação como visitante na Comic Con Experience.

Tudo começou anos atrás, num Festival do Rio de cinema, no qual um amigo e eu conferíamos uma sessão do documentário Comic-Con, de Morgan Spurlock, e, emocionados com toda aquela opulência nerd, juramos que um dia estaríamos na Convenção.

Anos depois, em vez de San Diego, a Comic Con Experience, a CCXP de São Paulo: uma convenção de cultura pop profissa, com astros de Hollywood, roteiristas, escritores e artistas internacionais consagrados, especialistas do mundo dos games, estúdios de cinema e diversas outras grandes empresas do mundo do entretenimento, e – quem diria! – acompanhados de nossas respectivas princesas.

Após seis horas tentando dormir sentados num ônibus em que pedras de gelo sentiriam frio, contamos com a inestimável ajuda de quatro jovens fangirls (que conhecemos no metrô paulista) para chegar ao local do evento a pé (a fila para as vans da CCXP, que transportavam visitantes gratuitamente da estação de metrô Jabaquara, já estava enorme por volta das dez e pouca da manhã de sábado).

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No caminho, uma pá de gente (olha eu já me enturmando…) cantarolava jingles de antigas matinês da tevê, cantava junto o tema de Dragon Ball e coreografava as reconhecíveis dancinhas dos personagens envolvidos…

Logo estávamos descendo a ladeira que dava acesso ao Centro de Exposições Imigrantes, uma construção gigante de 39.000 m² adornada por bonecos enormes, sentados de frente para a rodovia:  um do longa A Hora da Aventura; e também um outro inflável do próximo filme da Disney, Operação Big Hero, que mais parecia o monstro de Marshmallow de Os Caça-Fantasmas (cujos indefectíveis uniformes foram defendidos por um solitário cosplayer!). Algumas (muitas) filas depois, estávamos dentro. A marca da CCXP, uma espécie de cubo mágico estilizado, nos recebia com todas as suas cores, e anunciava a festa que aquilo tudo representava. Antes que percebêssemos, estávamos nos abraçando, tirando fotos do cubo, dos painéis de entrada, e até mesmo das roletas, e sorrindo, sorrindo, sorrindo…

A Terra Prometida Nerd estava diante de nós. À frente, estande da Piziitoys, abrindo os trabalhos com uma escultura – só assim para definir a obra de arte diante de nós – nada mais nada menos que a armadura do Cavaleiro de Ouro de Leão, na versão divina do vindouro filme dos Cavaleiros do Zodíaco, “Soul of Gold”, cujo trailer assisti no domingo, na tela gigante do auditório Thunder, no intervalo do concurso de cosplays.

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Não sei se era o mesmo estande o que havia ao lado, mas fui capturado pelas miniaturas incríveis de personagens: Batman da série de TV dos anos 60, Homem-de Ferro em diversas versões, o batmóvel de O Cavaleiro das Trevas Ressurge… Eram artigos que surgiam singularmente em uma feira aqui, outra convençãozinha lá… E estavam todos reunidos na CCXP!

Era muito para se ver, e começamos a circular, em meio ao povo que não acabava mais. Muitos, muitos mesmo, trajados como personagens, e mesmo ideias e detalhes. Havia um Jack Skeleton gigante, de pernas de pau, um casal usando aventais do restaurante de frango frito de Breaking Bad, Sailor Moons masculinas… Dava gosto de ver aquele público variado, numa mistura totalmente eclética, que ia de Changeman ao Hobbit, passando por Dr. Who, dentre outras séries de TV, até um grande recorte do quadrinho nacional estava ali reunido.

O calor aumentava e a velocidade de deslocamento diminuía. A essa altura, havíamos involuntariamente nos separado em dois casais. Eles provavelmente tinham ido procurar Marvel stuff em algum lugar. Nós resolvemos conferir todos os quadrinhos e quadrinhistas do Artist’s Alley. Era impressionante a quantidade de artistas reunidos. Segundo a organização, cerca de 200.  Como numa grande feira, revistas eram compradas, fotos tiradas, autógrafos assinados e papos engatados. Muitos faziam questão de explicar seus projetos, suas HQs e parcerias, e separavam preciosos minutos para, além de autografar sua compra, carinhosamente desenhar algo exclusivo na contracapa. Uns fofos.

Iniciantes sentavam-se lado a lado com medalhões e promessas. Havia a mesa de André Diniz, roteirista de Morro da Favela e autor de Grandes Enigmas da Humanidade – o único que levei revista para autografar; Fábio Moon e Gabriel Bá, de 10 Pãezinhos e Daytripper; Danilo Beyruth, de Astronauta – Magnetar; Klaus Janson, arte-finalista de Batman – O Cavaleiro das Trevas; Marcatti, de Frauzio e da Mad; Vitor Cafaggi, de Valente, tira publicada pelo Globo e em álbuns pela Panini, cujas filas quase dobravam a esquina.

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Perto dali, outras filas para os auditórios bombavam. No sábado, painéis da Mauricio de Souza Produções, do novo filme dos Vingadores e de Game Of Thrones disputavam as atenções, e só consegui entrar no painel seguinte ao que fui tentar assistir: “Marvel Comics – O que vem por aí”.

Na verdade, só consegui entrar na metade do painel, e nem mesmo sabia quem participaria dele. Aliás, consegui identificar um deles, o único estrangeiro, Olivier Coipel, que desenhou arcos de Thor escritos pelo Straczinsky. Porém, a essa altura, o cansaço cobrava seu preço, e o escurinho, juntamente ao ar refrigerado que, dentro do auditório principal, funcionava perfeitamente, quase me embalaram. A única coisa que consegui entender é que os artistas não podiam dizer nada que aconteceria na Marvel, transformando o painel em algo como “Marvel – Não podemos dizer o que vem por aí”.

De todo modo, toda essa narrativa está prejudicada pelo deslumbramento deste que vos escreve, e, portanto, cronologicamente bagunçada. Ao falar do painel e da quase-siesta, lembrei que o almoço ajudou no peso dos olhos. Almoço que durou mais de hora e meia, vez que as filas onipresentes não arredaram pé dos restaurantes em torno da colossal praça de alimentação, rodeadas por portais no estilo Jurassic Park.

Após alguns momentos comprando o tíquete para dois combos de Hot Dog, bebida e fritas, aproveitei os 50 ou 60 minutos na segunda fila, essa outra para retirar o lanche, para anotar algumas impressões sobre o evento – acabei falando das filas, num texto que em breve aparecerá por aqui, para o desbunde dos amantes das crônicas e do sadomasoquismo cultura. A despeito do preço salgado, até que o cachorro era grande, com direito a pepperoni, cheddar, catupiry, azeitonas pretas e verdes, maionese Heinz, etc. Comemos sentados na parede de frente para o Artist’s Alley, com os armários guarda-volumes a R$ 10,00 de um lado e filas de autógrafos do outro. Entre uma mordida e outra, admirávamos os abnegados cosplayers derretendo no calor que nos castigava a todos.

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Cada estande tinha suas atrações. A Panini montou o seu, aparentemente menor que da Bienal do Livro, embora praticamente igual, à exceção de nichos com bonecos de várias fases do Batman, originais do Capitão América de Vitor Cafaggi, a lanterna verde do filme homônimo e a máscara e o cinto do Batman da era Christopher Nolan, estes dois últimos não sei se réplicas ou originais.

Mas os descontos estavam protocolares. Algumas revistas de linha estariam com até 25% de desconto, segundo papéis colados no local, mas não vi isso na maioria do que era vendido. O destaque ficou por conta de edições mensais da DC com capas em branco e o selo da CCXP, provavelmente para serem desenhadas ou autografadas pelo lendário desenhista José Luiz Garcia Lopez, convidado do evento, e que ficou a poucos metros de mim no domingo – ele estava autografando trabalhos seus num estande que imaginei se tratar da Editora Marsupial, pois vendia livros dela, como o volume 3 de Mestres Modernos, com desenhos e longa entrevista com o mito.

Voltando aos descontos… Foram decepcionantes. Deixei a Comix para o fim, como a cereja de bolo das minhas compras. Todavia, diferentemente de outros eventos, em que ela  costuma bancar descontos agressivos, não vi nada com decréscimo no estande deles, que ainda assim estava cheio faltando minutos para o fim da feira no domingo. Aliás, chegamos à conclusão de que a política da Comic Con era a de oferecer tudo a preços normais (ou altos, para a maioria que pensa duas vezes antes de comprar, dada a mania de ser assalariado neste país do futuro). Quem quiser desconto, que fosse para o Mercado de Pulgas, FestComix, Bienal do Livro ou qualquer outra bagaça do tipo.

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É realmente difícil fazer um relato de fã sem divagar sobre tantas coisas apaixonantes e distintas – o lado cronista fala mais alto algumas vezes. Por isso, resolvi deixar para mostrar cosplayers, estátuas, action figures e produtos variados em posts vindouros.

Assim, para terminar essas impressões parciais e tortas, nas quais ainda não disse que consegui assistir a um painel sobre os 20 anos da Revista Herói e outro com os malucos do Hermes & Renato, não posso deixar de destacar a adesão de grandes empresas, que montaram estandes de grande porte, demonstrando o quanto apostam no nosso mercado, que vem ajudando a indústria do entretenimento, seja cinema, TV, games e quadrinhos, a se manter e crescer. É fácil de se imaginar a complicada logística envolvida para trazer o Batmóvel, peças do figurino de filmes como Vingadores 2 e de Uma Noite no Museu 3.

Como quis me surpreender com tudo, não me inteirei da programação da CCXP. Por um lado, creio que perdi eventos de alguns estandes, distribuição programada de brindes exclusivos e outras coisinhas mais. Porém, circulamos por todo o espaço livremente, sem nos amarrarmos demais aos painéis, e pudemos participar de momentos inesquecíveis, como fotografias no sofá do Central Perk, de Friends, além de levarmos para casa fotos e copos de Hotel Transilvânia 2, após bebericarmos a fórmula exclusiva e refrescante do Monstro de Frankenstein.

Depois de um sábado e um domingo que entraram para a História, voltamos para casa exaustos, mas tão felizes que nem a quebra do ônibus no qual voltamos conseguiu nos tirar o sorriso do rosto. Afinal, ano que vem tem mais!

Rodrigo Sava

Arqueólogo do Impossível em alguma Terra paralela

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