Club Sandwich. Um romance de formação para cada um lembrar do seu

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É apenas uma noite de quarta-feira. 29 de julho de 2015. Poderia ser simplesmente mais um dia. Em que a bilheteira confirma que o cinema aumentou de novo, pondo a culpa na Dilma. Em que jovens e senhoras lotam uma padaria gourmet escolhendo pães crocantes, vistosos, doces e salgados. Em que, enfim, decidi assistir a um filme que estreou há tanto tempo.

Dá para chamar Club Sandwich de filme. E como dá. Porém, mais que isso, é uma degustação de sensações. E um retorno a um passado mais ou menos distante. Hector, o protagonista, tem 15 anos, não é mais uma criança. Percebe as mudanças em seu corpo, que seu suor está começando a cheirar forte. Paloma é sua jovem mãe. A relação com Hector é de proximidade, inclui jogos, passatempos e conversas curtas, nem sempre francas. Afinal, em que pese a proximidade entre eles, ela é sua mãe, crê que precisa agradá-lo, mas que precisa protegê-lo mais ainda.

Tudo começa (e termina) com Hector e sua mãe, no quarto de hotel em que passam férias. Ali, existe algo além da cumplicidade, do carinho, do companheirismo entre eles. Há um silêncio instalado, palpável. A ionização do ar que antecede a tempestade.

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A tempestade surge no desajeitado esplendor de Jazmin. 16 anos, tão entediada quanto qualquer adolescente, se houvesse outros, além dos dois, naquele hotel vazio.

Hector continua sendo Hector, mas não totalmente aquele que Paloma conhece. É o momento em que nossas mães e pais se tornam um mistério, e representamos o mesmo para eles. Um caminho que pode ou não ter um fim.

É um choque para Paloma. E parece tão natural para Hector. Afastar-se apenas um pouco dela. Voltar o olhar para outro lado. Descobrir a alteridade. Encantar-se por uma menina que se encantou com ele. É tão absolutamente comum, e tão marcante. Nós estamos com ele, com os dois, com os três, nesses momentos. São tão poucos, passam tão rápido, mas é tudo mágico a ponto de nos levar de volta a um tempo mais simples de nossas vidas.

Paixão. Amor. Sexo? Faces de um mesmo mundo que nasce de repente numa explosão de fogo. O calor que os personagens sentem é único para cada um deles. Furor. Vontade. Desconforto. Desespero. Quando os hormônios iniciam um diálogo mudo, nem o álcool se coloca entre eles.

No fim, a confusão desaparece, ou começa pra valer. E é como no início, nada mais que a vida, que segue. Saímos cantarolando, arrebatados, e o filme segue conosco. Ele ainda está aqui. Hector, Paloma e Jazmin estão aqui. Ou somos nós que estamos lá.

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Atualmente em exibição no RJ apenas na sessão das 17:30 h da sala 2 do Estação Botafogo.

Rodrigo Sava

Arqueólogo do Impossível em alguma Terra paralela

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