Capitão América: Guerra Civil – Opinião e Especulações

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Estão certos os que veem o filme do bandeiroso como Vingadores 2.5. Ainda que o Capitão seja a incontestável estrela (eu ia dizer protagonista, mas nesse filme o cara desafia o conceito), não vemos apenas aparições dos outros heróis aqui, mas importantes interações entre eles, inclusive em extensas e grandiosas lutas.

Não há Thor ou Hulk no longa, o que permitiu o desenrolar dos fatos, visto que o nível de poder dos mesmos como armas de destruição em massa provavelmente terminariam com a Guerra Civil antes dela começar, tornando-a no máximo uma Guerra Fria, o que não deixaria de ser interessante, mas talvez restringisse o alcance da dramaticidade (leia-se batalhas campais e explosões) que os Irmãos Russo pretendiam demonstrar aos executivos e ao público em geral, a fim de legitimar a passagem do bastão de Joss Whedon para eles.

Ou seja, trata-se de um ensaio geral para o próximo filme dos Vingadores, assim como Era de Ultron fora um filler vindo de um Joss Whedon compreensivelmente cumprindo contrato e já voltado para outros interesses. Ou uma introdução, tendo em vista a quantidade de apresentações e mudanças de rumo, como a estréia do Homem-Aranha, o incremento dos poderes do Homem-Formiga e da Feiticeira Escarlate, a chegada de Zemo, a abertura de Wakanda e o cisma entre os heróis Marvel.

E ainda a consolidação do protagonismo (agora sim) do Capitão América no universo audiovisual da Marvel, até a Era de Ultron ocupado por Tony Stark. A promessa é de que Steve Rogers comande a comunidade superheroica contra a vindoura ameaça de Thanos.

Voltando da dimensão das especulações para a Terra, é preciso dizer que Capitão América: Guerra Civil é um excelente filme de ação e um bom filme de super-heróis, principalmente por contar com a direção competente e objetiva dos Irmãos Russo, que seguiram a cartilha da Marvel Studios, resultando num longa simples e eficiente, repleto de referências para os fãs e de cenas que divertem o público em geral.

Teremos Thunderbolts?
Teremos Thunderbolts?

Sim, pois ao mesmo tempo em que a cena na casa de Peter Parker (com seus diálogos e interpretações inspirados, que sintetizam e atualizam, respeitosamente, décadas de história) emociona o velho fã que sempre enxergou naquele adolescente dos quadrinhos o herói com o potencial para se tornar o maior de todos os tempos, as demais cenas, com o Homem-Aranha das hqs em ação, cativa a platéia com a vivacidade e a coragem (e o senso de humor nonsense) do moleque.

O garoto rouba todos os frames em que aparece, ao apresentar, com perfeição, diversas características do personagem das hqs, como a tagarelice durante as lutas, as piadas sem graça, o senso de responsabilidade, o altruísmo e a inocência de suas primeiras hqs. Nem precisaríamos da segunda cena pós-créditos para ficar na expectativa de seu primeiro filme capitaneado pela Marvel Studios.

O mesmo vale para o Homem-Formiga, que além de reproduzir nas telas uma clássica cena das hqs, já revelada nos trailers, em que ele “surfa” uma flecha do Gavião Arqueiro, quase causa um ataque cardíaco nos espectadores ao se transformar em gigante (ou no Gigante), levando todos de volta a um passado de matinês regadas a Daileon, Satan Goss e Change-Robô.

Com isso, poderíamos voltar à dimensão das especulações, e adular as possíveis pistas de novas histórias em desenvolvimento, como o relacionamento amoroso entre a Feiticeira e o Visão, que poderiam gerar os filhos que a desestabilizariam, semeando o terreno para uma… Dinastia M. Ou imaginar se a sobrevivência de Zemo pode ser um indício de que os Thunderbolts terão a sua vez.

Num filme-evento em que parece que o todo perde espaço para tantos detalhes (incríveis), catástrofes internacionais como as ocorridas em a Era de Ultron e no começo desse terceiro filme do Capitão, passam a ser encaradas pela ONU como um marco para regular as atividades superhumanas, colocando Vingadores em lados opostos nessa seara. Porém, a guerra realmente começa em virtude de um equívoco, um clássico recurso do cinema, largamente utilizado por Alfred Hitchcock: um ato indefensável atribuído ao homem errado, dando início a uma perseguição implacável e a uma corrida contra o tempo para provar a inocência desse sujeito.

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Guerreiros Secretos Off Broadway

Ocorrem alguns exageros, como a certeza do Capitão América de que os heróis pró-registro jamais cooperariam com ele na questão dos Soldados Invernais. Ou a “genialidade” de Zemo, que parece ter tramado tudo sozinho, e à perfeição. E desculpas forçadas, como as razões para a maioria dos personagens agredirem fisicamente seus amigos até então. Menção honrosa para o fato de que ficou claro que ninguém desejava levar aquela batalha às últimas consequências, de modo que o pior incidente da batalha aberta fora causado por fogo amigo.

A lealdade do Capitão ao Soldado Invernal pode ter soado um tanto exagerada, mas precisamos lembrar que se hoje o Capitão é inspiração de toda a América, inclusive super-heróica (como pudemos ver pelas reações do Homem-Formiga e do Homem-Aranha), Bucky Barnes foi a inspiração de Steve Rogers, seu companheiro-de-armas, e seu melhor amigo (para desespero do Falcão).

A impressão é que tudo acontece em nome de Bucky, e por um lado é verdade, se considerarmos que não haveria uma batalha não fosse pela explosão em Viena e pela manipulação invisível de uns e outros.

Não houvesse Bucky e explosão, e tudo seguisse uma lógica que não a de mercado, provavelmente o Capitão teria sido posteriormente procurado pelo Diretor Coulson, e teria seu papel na Shield, numa equipe de Vingadores/Guerreiros Secretos digna desse título.

Sem a Shield (cuja série pouco introduziu ou refletiu os acontecimentos do filme) e Nick Fury no presente e no futuro próximo do Capitão América, é certo que seu destino no cinema não está na espionagem internacional, e sim, como dito acima, nas batalhas interestelares.

Após O Cavaleiro das Trevas que foi O Soldado Invernal para o Capitão América da telona, Guerra Civil cumpre seu papel como o encerramento de uma trilogia cuja história continua a ser contada. Não supera seu anterior, mas apresenta uma produção cativante e divertida, com participações e momentos brilhantes, e a maior guinada até o momento para os personagens da Casa das Idéias em seu universo cinematográfico.

Rodrigo Sava

Arqueólogo do Impossível em alguma Terra paralela

Este post tem 2 comentários

  1. starscream2

    Perceberam como nerfaram o Homem de Ferro desde HdF3? Se a porradaria entre os heróis fosse pra valer mesmo, o time do Capitão duraria o quê? Uns dois minutos? Curiosamente, o que tornou essa cena no aeroporto legal foram justamente os “outsiders” Homem Aranha e Homem Formiga.

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