O ano de 2004 foi bissexto, ano internacional do arroz, ano de criação do Orkut e ano de lançamento do PSP. Pra música, 2004 foi bem produtivo também e é por isso que hoje começo a série Dez Anos Depois, antes que vire quinze e eu não consiga mais ouvir qualquer álbum daquela época.
“O <insira o nome da banda inglesa aqui> vai salvar o rock” – era o que a gente ouvia toda semana em 2004, hora The Hives, hora Strokes, parecia que o tal do rock tava na UTI e vários tratamentos experimentais foram ingeridos pelo coitado. Foi nesse contexto que o Franz Ferdinand lançou seu primeiro álbum, com onze faixas e uma puta responsabilidade nas costas.
A banda foi formada em 2002 e conta com os vocais de Alex Kapranos, o baixo de Bob Hardy, a guitarra de Nick McCarthy e a bateria de Paul Thomson. O vocal e o baterista se conheceram numa festa, ficaram amigos e resolveram montar uma banda. Simples assim (mentira, tem muito mais história, mas não é o foco do post então move on).
Em 2004 eles lançaram o primeiro CD com o single igualmente chiclete e genial Take Me Out. Ficaram em 3º lugar nas paradas britânicas e em 12º nas australianas; aqui no Brasil essa música só faltou tocar em elevador, até hoje é obrigatória em baladinhas hispter da Augusta e aulinhas de inglês que falam de phrasal verbs.
Mesmo depois de tantos anos sem ouvir o álbum, quando dei o play tive a mesma sensação que há dez anos: tem algo de novo sendo construído aqui.
Se pegarmos a cena musical mainstream da época facilmente encontramos bandas como Maroon 5 (que já era chato naquela época), Avril Lavigne, Hoobastank (dono da música mais chata do mundo pop/rock até hoje), My Chemical Romance, Simple Plan… Era tudo muito parecido.
Mesmo a construção das letras é muito diferenciada, – visivelmente inovador em Take Me Out, This Fire e Michael – eles brincavam e controlavam métricas que algumas bandas seguem até hoje.
Os vídeos eram um capítulo à parte, tanto eles quanto o Hives tinham uma galera audiovisual pra frente, uns vídeos que misturavam uma coisa meio teddy boy meio punk-funk. Até hoje esses clipes dão de mil em produções atuais, cheias de recursos tecnológicos.
Se o Franz Ferdinand salvou o rock? Não, e nem vai salvar, mas deixou um puta álbum pra trás.