Brasileiro sabe fazer filme de terror?

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Essa é uma das várias perguntas cretinas que essa coluna deseja fazer. A resposta é obviamente que sim, existe cinema de terror no Brasil e isso não é recente. Essa nova geração pode até não ter assistido muitos filmes do grande cineasta brasileiro José Mojica Marins, mas certamente já ouviu falar do icônico Zé do caixão ou em um de seus filmes mais conhecidos À Meia-Noite Levarei Sua Alma (1964). O cineasta Ivan Cardoso também tem lugar marcado em nossa filmografia, filmes como O Segredo da Múmia (1982) e As Sete Vampiras (1986), fizeram grande bilheteria na década de 80 com viés no terrir. A contribuição desses e outros profissionais para o cinema é gigantesca, mas não raro podemos ouvir um comentário como esse na fila de algum cinema: “brasileiro não faz filme de terror”. Na verdade filme tem, o que está faltando é quem pague para assistir.

Zé do caixão

Um dos grandes problemas do cinema nacional e da nossa cultura em geral e a desvalorização do nossa produção. A comparação é sempre muito desproporcional, super produções com orçamentos bilionários contra filmes nacionais de baixíssimo orçamento. Dinheiro não é sempre sinônimo de qualidade, entretanto ele fornece meios para alcançá-la. A produção independente está aí para provar que é possível fazer um filme de outras formas e tem uma lista de curtas, documentários e longas custeados por ações de financiamento coletivo. Essas iniciativas são ótimas, mas não é isso que o consumidor quer, no geral o desejo é ir no cinema e assistir uma produção nacional equivalente ao que se vê no mainstream Norte Americano.

Já pensou ir ao cinema e ficar assim com um filme nacional?

Existem inúmeras barreiras para que isso aconteça de forma frequente e filmes nacionais de terror alcancem níveis de investimento e distribuição de grandes produções como O chamado 3, estréia recente do gênero. Esse artigo não vai abordar as dificuldade da indústria cinematográfica, que são muitas, ou até a luta de forma individual dos vários profissionais, sejam cineastas, roteirista e etc. A grande questão nesse momento é:

“Se o filme vencer todos esses obstáculos e ficar pronto você vai pagar para assistir?”

Nós, seres atraídos pela escuridão e amantes do terror temos uma missão, valorizar o que é feito no nosso pais e deixar a critica gratuita e sem fundamentos de lado. Fazer uma resenha ou post ácido e completamente negativo para um filme de terror estrangeiro, não gera o mesmo impacto quando se trata de um nacional. Antes de avaliar e criticar reflita bastante, o sucesso e a evolução do gênero depende também de quem o consome. Não defendo a hipocrisia, se você não gostou tudo bem, mas evite desencorajar outras pessoas a assistir e deixe cada um tirar suas próprias conclusões. Segue a lista de alguns filmes nacionais, se já assistiu algum deixe seu comentário levando em conta os pontos positivos e negativos. E se sentir vontade faça mais perguntas cretinas para essa coluna.

A Noite do Chupacabras –  Rodrigo Aragão (2011)

Nervo Craniano Zero – Paulo Biscaia Filho (2012)

Condado Macabro – Marcos DeBrito, André de Campos Mello (2015)

O Diabo Mora Aqui – Rodrigo Gasparini, Dante Vescio (2016)

Glaukemp

Escritora e roteirista de terror e suspense, que não tem medo do escuro, mas, às vezes, fecha os olhos quando vai ao banheiro de madrugada. Colunista nos sites Boca do inferno e Iluminerds. Editora da revista Amazing e apresentadora do #TREVOCAST.

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