Brasileiro não Lê!!!

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Nunca houve uma besteira contada mais besteiramente besteirada que nem essa: “Brasileiro não lê”. Essa afirmação já começa errada desde a pergunta: Brasileiro não lê o quê?

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Eu sou brasileiro. Você é brasileiro. Todos nós estamos lendo… né?! Daí, você me diz: “Ah, mas eles querem dizer ler livros!”

Hum…! É, faz sentido… Brasileiros leem poucos livros… Mas calma.

Que tipo de livros?! Só em 2012, foram vendidos mais livros espíritas no Brasil do que a saga crepúsculo no MUNDO! E estamos falando de MILHÕES de exemplares… “Ah, mas livro espírita não é livro de ficção!” Hum…! Bom… isso depende do cliente, né? Eu posso achar que uma obra psicografada é uma biografia. Você pode achar que espíritos não existem e aquilo é uma ficção…

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Mas isso é assunto pra outra postagem. O tema daqui é outro.

Veja bem: a pergunta que se faz é muito importante. E o resultado é questionável. Eu trabalho com uma mulher que já leu mais de duzentos livros esse ano. SÓ! ESSE! ANO! E ela não seria uma das cadastradas na pesquisa, caso ela seja feita com base nas listas de vendas das editoras brasileiras, porque ela compra pela Amazon em inglês. E aí, José?

Histórias em Quadrinhos entram na contagem? Não. Não são considerados livros (ainda). Há por aí alguns movimentos querendo mudar essa imagem das HQ (popularmente chamadas de gibis em homenagem a uma antiga e popular publicação), mas, até hoje, nada de concreto foi feito no meio literário brasileiro oficial.

Então, não. Toda a sua coleção dos Novos 52, do Lanterna Verde, do Batman, do Hellblazer (Constantine), ou do Watchmen não contam nessa lista de leituras feitas. (Eu, se fosse você, ficaria varado no cão com isso e mandaria todas as suas coleções pro meu endereço…….)

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Do mesmo modo que essa minha amiga, existem muitas outras pessoas dotadas da ridiculamente-insana-espero-que-todos-vocês-comam-sal-achando-que-é-açúcar-super-velocidade de leitura dinâmica que leem mais do que isso e muitas outras como você (e eu), que leem HQ e são irrastreáveis por essas pesquisas.

Mas esse não é nem o pior de tudo! Volta no título! Vai, volta lá. Volta, vai…

Já voltou? O que está escrito? Está escrito “Brasileiro não lê”, ou “Brasileiro não lê livros de ficção que não sejam HQs”?

Exato. Nada especificando nada. Inclusive, é essa a manchete que você vai ver espalhada por aí. O que a deixa ainda mais absurda! Quando se diz que brasileiro não lê, pura e simplesmente, as pessoas excluem o veículo mais básico de comunicação atual: a internet!

TUDO nessa internet é esc– tá… não tudo. Os vídeos e músicas podem ser dublados, ou sem legenda nenhuma… Mas fora isso, TUD– certo… algumas fotos, desenhos e imagens são só visual, sem escrita… Deixa de ser crica, vai! Praticamente tudo na internet é baseado na escrita. Mesmo quando não nos damos conta que estamos lendo.

Facebook, Twitter, Iluminerd, Snapchat, Blogs, Whatsapp, DeviantArt… Todos esses sites e ferramentas estão presentíssimos no cotidiano de milhões de brasileiros. É difícil se ver alguém que não tenha conta em algum desses lugares.

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Ali, temos a presença da escrita e da leitura 100% do tempo. Sim, 100%, porque, quando a legenda não está na própria imagem, está na postagem… e essas mesmas imagens são seguidas de comentários, dos mais simples ao mais rebuscados.

“Mas eles escrevem tudo errado. E não leem nada de qualidade!” Daí, voltamos ao primeiro problema que a gente discutiu.

E se trocarmos livros por conteúdo, temos uma massificação da informação. Vemos frases de filósofos, pensadores, escritores, trechos de livros blablabla… de pessoas que talvez nunca chegariam, ou se interessariam em chegar, num personagem como aquele. Mas passa a conhecê-lo pela informalidade da internet.

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Poderíamos até falar sobre o porquê de isso acontecer no Brasil… por quê há esse desinteresse pela leitura de livros de ficção pelos brasileiros… Mas daí teríamos de entrar no âmbito da Educação. E falar de Educação é falar de tretas… Então, é melhor deixar isso pruma outra conversa.

Ou não.

Vou pensar.

 

Jowfish Kraken

Colaborador

Colaborador não é uma pessoa, mas uma ideia. Expandindo essa ideia, expandimos o domínio nerd por todo o cosmos. O Colaborador é a figura máxima dos Iluminerds - é o novo membro (ui) que poderá se juntar nalgum dia... Ou quando os aliens pararem com essa zoeira de decorar plantações ou quando o Obama soltar o vírus zumbi no mundo...

Este post tem 6 comentários

  1. JJota

    Não gosto de certas afirmações intelectualóides, que parecem soar como “Brasileiro não lê (o que eu gosto)”.

    Acho que, infelizmente, o problema maior é que brasileiro lê errado, por questão de educação. É incrível o baixo aproveitamente de alunos em provas de interpretação de texto. Leitura em voz alta também já deixou mais de um cabra com cabelo no queixo com vergonha.

    E não é “ser burro”, entendam. Uma pessoa que vi certa vez suar durante uma leitura em voz alta hoje é engenheiro militar. É como se as pessoas apenas dessem pouca importância a leitura em si, presas a ideia de “regras gramaticais” ou empolgadas com uma suposta “leitura instrumental”.

    1. Nossa, senhora! Se ler normalmente já é considerado chato, em voz alta, então, é torturante!

      Concordo quando você diz que brasileiro lê errado. Primeiro, porque a leitura começa de uma obrigação da escola para se fazer provas [o que já aprendemos que todos perdem a vontade de fazer muita coisa forçada quando a obrigação desaparece], e isso ainda é somado ao fato de a leitura não ter sentido prático [o que, de fato, não tem]. Então qualquer um que não da área de humanas abandona fácil a leitura de histórias, mas continuam lendo livros teóricos da área e, curiosamente, ainda dizem que ler é uma tortura……

      1. Gustavo Audi

        Pera aí! Leitura não tem sentido prático? Fora o fato de a leitura ser, em si, uma prática?

        Cito um sentido prático da leitura: cognição.

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