“You know where you are? You’re in the jungle, baby. You’re gonna die!”

Tudo há de progredir para que possa crescer. Seja cada um de nós como seres humanos, sejamos todos como sociedade, seja a pátria como o berço de um futuro. Para a última, há um interesse maior no progresso diretamente ligado à prosperidade econômica, que é revertida para os seus dependentes fazendo-os alçar voos cada vez mais próximos aos limites do imaginário consumista para então materializar esses sonhos em uma simples ação: comprar carros.

Horários de pico com um trânsito infernal de veículos não são mais exclusividade das grandes metrópoles. Qualquer cidadezinha sem vergonha nos cafundós do fim do mundo conhece muito bem a sensação desta semi-estadia no purgatório. E, assim como existem figuras indefectíveis que insistem em acompanhar as vítimas do transporte coletivo, também podem ser facilmente encontrados alguns pobres diabos cuja especialidade é atazanar a vida de quem corajosamente decide retornar para casa dirigindo o seu automóvel.

Vamos descarregar mais um pouco de ódio inerte falando a respeito de algumas das personalidades do trânsito urbano.

O veloz e furioso

Um sujeito que aparenta não se importar muito com o bem estar dos componentes mecânicos de seu veículo e que se sente na pele de Vin Diesel em pessoa quando encontra um semáforo vermelho. Neste momento, a atitude de nosso amigo é a de dar constantes aceleradas em seu possante, atento ao primeiro milissegundo do aparecimento da luz verde, apenas para deixar parte dos seus pneus gravada no asfalto e disparar na frente de qualquer outro carro que também estivesse esperando o semáforo abrir.

O aspirante a Nigel Mansell

Que seja em enormes rodovias, em estreitas ruas de bairro ou até em estacionamentos de shopping centers, o trabalho desse infeliz é grudar ferozmente na traseira de qualquer veículo, como um predador selvagem caçando a sua presa. Ultrapassar é o seu lema. E ele ignorará todo e qualquer aviso para manter distância mesmo que esteja preso em um congestionamento quilométrico e de fila única. Espécime muito apreciado pelos donos de oficinas de funilaria.

O pesquisador do advento da invisibilidade

Constantemente vitimado pelo tipo anterior, este cidadão às vezes consegue transformar até os mais pacatos motoristas em bestas-feras ensandecidas. Tudo por insistir em quebrar o fluxo de trânsito, conduzindo o seu veículo em velocidades muito abaixo da metade do mínimo permitido para determinados trajetos. Talvez ele realmente queira provar que é uma exceção à física, achando que os outros carros podem transpor o seu espaço, embora na maioria das oportunidades não passe de um maldito fanfarrão.

O estrategista frio e cauteloso

Para este camarada, todo e qualquer movimento que possa ser feito no trânsito deve ser meticulosamente planejado, científica e matematicamente, ao menos por alguns minutos antes de sua execução. A alegria deste ser é encontrar um cruzamento ou a saída de algum local em que estivesse estacionado e parar por lá para calcular todos os ângulos das ruas e movimentos dos veículos, até finalmente conseguir seguir em frente. Ainda que uma fila de pessoas que teriam saído há tempos do lugar tenha que ficar esperando a sua decisão.

O motoqueiro outlaw

Este pode ser comparado a um adolescente que faz questão de ignorar os pedidos dos pais para que não faça algo considerado errado. Contrariando a todas as lições que aprendeu sobre segurança no trânsito, o motoqueiro outlaw não vê nenhum problema em ultrapassar veículos pelo lado que quiser, na hora em que bem entender, sem, nem mesmo, se importar com o tamanho do carro em questão. Costurar o tráfego é uma atitude rotineira e as calçadas são os seus atalhos preferidos.

O fugitivo dos roteiros de Spielberg

Uma variação bem mais perigosa do segundo caso, já que este camarada costuma estar por trás do volante de um gigantesco ônibus de viagens ou de uma enorme e ameaçadora jamanta, assim como o motorista psicopata do filme “Encurralado”. Desse modo, o nosso quase serial-killer não vê problema algum em jogar o seu veículo para cima dos outros carros, já que acredita que o poder de conseguir esmigalhá-los sem piedade o torna superior a todas as leis existentes.

O pedestre de aço

Pessoa que acorda pela manhã achando que adquiriu os poderes do incrível Hulk e que, por isso, conseguirá andar pelas ruas até de olhos fechados. Não utilizam calçadas, faixas, não olham antes de atravessar avenidas, e parecem mesmo querer manter o firme pensamento de que se forem atingidos por um carro em alta velocidade, quem sairá no prejuízo será o veículo em questão. E eles estão por toda a parte, olhe pela janela agora mesmo e você provavelmente avistará alguns deles.

Bom pessoal, assim como o anterior, este artigo também foi escrito em caráter humorístico, embora não custe lembrar que vacilos no trânsito não são nada cômicos. Se você se enquadra em uma das categorias acima, não acha que seria a hora de mudar sua atitude antes de acumular uma porção de perdas físicas e materiais? Pense bem, não são alguns segundos ganhos com uma manobra perigosa que trarão de volta o irrecuperável.

E para terminar, que tal recordarmos daquele velho desenho animado com o personagem Pateta? Só para você ver, o episódio se chamava “Motor Mania” e foi produzido em 1950 pelos estúdios Disney:

Não envelheceu nem um pouco, não é verdade?