Brainstrume #3 – Personalidades do transporte coletivo

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Ah, o maravilhoso mundo do transporte público! Não há nada que se compare com a revigorante sensação de acordar logo pelas primeiras horas da manhã, prestes a encarar um corriqueiro dia de trabalho, para então seguir até o ponto de ônibus mais próximo de seu lar. Provavelmente você estará munido de sua leitura diária predileta, ou mesmo terá a intenção de apenas apreciar a bela paisagem de sua cidade, e aguardar o seu rotineiro veículo de transporte coletivo urbano chegar para, tranquilamente, conduzi-lo até o seu destino.

Sim, amigos leitores, uma verdadeira terapia. Infalível em demolir impiedosamente toda e qualquer forma de bom senso ou sanidade que possa restar nas mentes dos que dependem dessa opção infernal para se locomover. Afinal, trata-se de um meio de transporte caro, insuficiente e extremamente eficaz em despertar os sentimentos mais primitivos tanto entre simples passageiros quanto no pessoal que humildemente trabalha para as empresas prestadoras de serviço na área.

Grande parte de todo esse constrangimento não é centrado apenas nas condições do sistema em si. A coisa vai muito além disso. Independente dos habituais transtornos, ainda existem as personalidades que insistem em participar ativamente da vida dos pobres usuários das linhas de ônibus.

E, para exorcizar toda a negatividade inerte, guardada pelo convívio com tais pragas, tentarei relembrar e dar o devido reconhecimento a algumas dessas já lendárias figuras.

O detentor de apetrechos da mais alta tecnologia

Típico cidadão que sai de sua casa apenas para demonstrar publicamente todas as maravilhosas funções provenientes do seu novíssimo aparelho xing ling. Seja um telefone celular “compre da china”, ou os indefectíveis MP3 players sem fones de ouvido, tradicionalmente chamados de MP5, 8, 10, 20, 1000 e por aí vai. A alegria desse meliante é proporcionar entretenimento aos passageiros através das mais diversas formas de expressão musical, que variam do tradicional funk carioca até as interessantíssimas facções religiosas pseudo-ortodoxas, das quais ele acredita que todos ficarão gratos e satisfeitos em acompanhar. Um grande serviço social, sem dúvida.

O desprovido das faculdades auditivas

Uma variação do caso anterior. A diferença é que este pobre ser aparenta sofrer com dificuldades na fala e na audição, pois, além de escolher os tons mais burlescos como toque de chamada em seu MP qualquer coisa, ainda o ajusta para que seja executado no limite máximo de volume dos já frágeis transmissores de som. Não contente em apenas assustar os passageiros com tamanha balbúrdia sonora, este curioso espécime também nutre o prazer de atender as ligações telefônicas como se estivesse apresentando uma palestra para quinhentas pessoas, bradando toda a sorte de frases geniosas como: “Oi Zé. OI ZÉ! JÁ TÔ CHEGANDO, PORRA!”. Um sujeito bastante admirado também em salas de cinema e afins.

Os donos de histórias de vida cinematográficas

Mais um exemplo que anda lado a lado com os já citados. A diferença é que estes não se utilizam necessariamente de aparelhos dos mais modernos para propagar as suas nulidades em forma de palavras, porém sempre atacam em duplas ou grupos. A intenção desses infelizes é simplesmente enfatizar o quão interessantes são os seus atos cotidianos, como estudar para uma prova, ou querer saltar de bungee jump, ou frequentar o clubinho da esquina de casa, ou comprar batatas no mercado, brigar com parceiros, abrir um jornal, chutar o cachorro, reclamar de impostos e tudo mais que possa parecer interessante aos ouvidos dos demais presentes e, ao mesmo tempo, completamente diferente do que os mesmos costumam fazer diariamente. E claro, com as expressões sendo relatadas em um tom de voz digno de fazer inveja aos mais escandalosos vocalistas do heavy metal melódico.

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O prova viva da física newtoniana

Este é mais comum do que se pode imaginar. Trata-se simplesmente de uma pessoa, normalmente dona de um avantajado tipo físico, que resolve montar guarda em lugares estratégicos nos veículos de transporte coletivo. Leia-se entradas, saídas e catracas. De preferência, se posicionam com os braços bem abertos ou portando artefatos dos mais diversos, tais como gigantescas mochilas de hippie. O supracitado agente do caos costumeiramente não julga necessária a existência de entradas ou saídas, ainda que o ônibus não se encontre superlotado, e desafia qualquer um disposto a adentrar o seu território permanecendo inerte quando alguém precisa executar uma tarefa simples, como descer do veículo.

A mamãe boladona

Essa simpática senhora, sempre com um rebento à tiracolo ou caminhando ao redor, costuma enfurecer-se agressivamente com suas crias quando as mesmas dão sinais de não estarem muito contentes em se deparar com tal ambiente claustrofóbico, atitude usualmente demonstrada através do mais copioso choro infantil. Nada fora do normal ou aceitável, diga-se. Ainda assim, a mesma se põe a tentar disciplinar aos pequenos utilizando-se dos métodos mais medievais possíveis, que vão de gritos histéricos até tentativas de chantagem e humilhação. E tudo para o deleite dos aficionados passageiros, que, com certeza, sentem um profundo interesse em desenvolver a sua capacidade em relação a como cuidar de criancinhas com a nossa infalível figura. Normalmente, ela não paga a passagem.

O motorista Grand Theft Auto

Camarada bacana que costuma pensar que não pegou um veículo pesado e cheio de pessoas para ir trabalhar, mas sim que roubou  um ônibus na rodoviária, no melhor estilo Um Dia de Fúria, e, desse modo, se vê no direito de sair por ai desrespeitando a maioria das leis de trânsito existentes. Seja em suas ultrapassagens imprudentes e exageradas, seja por estacionar em locais absurdos, deixar pontos de parada para trás ou mesmo pelo bom e velho excesso de velocidade, esses motoristas são adorados principalmente pelos representantes da terceira idade.

O Terrível Tarado Pederasta

Tipo mais vil na escala das personalidades do transporte coletivo, este projeto de ser humano sente prazer em molestar sexualmente as incautas vítimas do veículo em questão ao fazer uso do ato de acercar-se da pessoa mais próxima com intenções torpes, como se estivesse em uma tentativa comum de atravessar um ônibus lotado. Em português claro: o filho da puta o rebento de uma profissional do sexo quer mesmo é encoxar a mulherada ao redor e, na falta de uma cocota, se aproveita de qualquer um que estiver de bobeira no local. É muito comum que tal verme seja expulso violentamente.

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E estes são só alguns exemplos. Garanto que os digníssimos leitores ainda conhecem diversos outros. Eu mesmo passei um bom tempo por este pesadelo e espero sinceramente que todos possam um dia se livrar das garras desses malfeitores.

Administrador Iluminerd

A mais estranha figura nesse grupo: não posta, não participa de podcast, mas foi ele quem uniu todas as pessoas dessa bagaça...

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