Aproveitando que a Panini lançou por aqui a Edição Definitiva da mais vendida de todas as graphic novels, resolvi relembrar um pouco desta obra fantástica.
O enredo em si não é complicado. Os pacientes, mais uma vez, se libertam misteriosamente e tomam o controle do local, fazendo um grupo de reféns e exigindo a presença do Batman no local. Sem alternativa, o Homem Morcego aceita a exigência e entra no hospício, onde é confrontado por alguns dos seus piores inimigos. Paralelamente, é contada, rápida mas não superficialmente, a história do fundador do lugar, Amadeus Arkham, desde a loucura de sua mãe até o término de sua existência enclausurado numa cela no próprio hospital psiquiátrico em que transformou a mansão de sua família. Há uma pequena surpresa no final, quando se descobre o responsável pela fuga dos prisioneiros e o motivo que o incentivou a tal desatino, de certa forma colando as duas narrativas.
Morrison faz esta premisa até simples render a tal ponto que houve na época do seu lançamento uma certa polêmica porque muitos leitores se queixaram de que a história seria ininteligível. Justamente o que os autores queriam, pois
há uma clara intenção de criar um caos na narrativa tão grande que aqueles que
acompanham os acontecimentos atentamente passam logo não só a ter dificuldade pra discernir os loucos dos sãos como podem chegar a questionar o próprio conceito de normalidade.
Um exemplo? A forma como os médicos tratam a fixação de Harvey Dent pelo conceito preto-branco, tentando introduzir diversas camadas de cinza, o torna tão perturbado que ele fica incapaz de tomar decisões triviais como ir ao banheiro (a forma, ao fim da HQ, como Batman devolve o antigo aliado ao seu estado anterior de insanidade é muito bem sacado, até porque fecha bem a questão da rebelião no Asilo).
Morrison também brinca com o conceito de super-sanidade que é atribuído ao Coringa, justificando a personalidade multifacetada do vilão, explicando porque em algumas épocas ele é um assaltante de bancos risonho e em outras um genocida cruel.
Por falar nele, poucas vezes tivemos um Coringa tão provocativo. Ele não para de fazer insinuações sexuais – normalmente envolvendo aquele lixo de personagem que é o Robn – e, de forma bem mais explícita do que em O Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller, fica “paquerando” o Batman.
As interpretações dadas a outros personagens é bem realista. O Cara de Barro é mostrado simplesmente como um sujeito com um grave problema de pele, o Crocodilo é um monstro irracional e o Chapeleiro Louco, em um dos melhores diálogos da obra, praticamente declara aquilo que é apenas sugerido em algumas de suas outras aparições nas HQs: ele é um pedófilo.
E no meio de tudo isto temos o Batman, lutando dentro daquele caos pra manter um resquício de sanidade. Como
Alice, de Lewis Carroll – obra citada no início e no fim da história –, ele se entranha em um mundo de fantasia que tenta se sobrepor ao real. No fim, quando o Morcego sai ainda escuta o Palhaço se despedindo debochadamente:
O clima de terror é salientado pela arte poluída de Dave McKean. Mistura de pintura, fotografia, desenho em carvão, colagem, escultura… A HQ montada pelo desenhista e designer surpreende e assusta a cada página. Ele e Bill Sienkiewicz – de Elektra Assassina – são os melhores exemplos do que se convencionou chamar de expressionismo nas HQs.
Aqui, foi publicada pela Editora Abril em 1990 e pela Panini, em 2003. Agora, ganhou uma versão definitiva em capa dura e preço salgado.
Vale conferir um tempo em que Morrison era realmente genial e em que a expressão “artista” era usada com mais zelo.
Para terminar, fiquem com um fan film feito na Espanha por Miguel Mesas, que se esmerou em manter o clima solitário da obra original (bem como o visual utilizado por Dave McKean).
Foda!
Ainda não tem data de lançamento e nem preço, JJota?
Não, Churrumino. Aparentemente, ela estava cotada para sair no fim do ano passado, mas foi adiada. O que sei é que a edição americana traz, além da história, o roteiro do Morrison e comentários da editora Karen Berger. Deve ficar algo entre o preço de O Filho do Demônio e o primeiro volume da Liga da Justiça do Morrison (ou seja, entre R$ 25,00 e R$ 55,00). Aposto no preço mais alto, afinal será capa dura e papel couché.
Entendi. Esse vai pra lista de compras tbm.
O negócio é ficarmos atentos para promoções de grandes redes como Extra ou Carrefour ou usar o Buscapé para gerar aquele desconto maneiro na Saraiva. Eu aproveitei as liquidações do Extra e cofrei no início do ano “Pagando por Sexo”, “Supremos II”, “WE3″ e All Star Superman” com excelentes descontos. Agora o resto do ano passo na seca por ser baixa renda…
Essa Hq é muito genial…quando a li eu estava decepcionado com o reboot da DC,HQS geniais como essa nos fazem acreditar(talvez falsamente)que bons roteiros voltem a existir e que um dia tenhamos grandes especiais denovo.Altamente Psicologica e inteligente…visões diferentes dos vilões.Eu compraria,mas não tenho grana,por isso li em scan.
Fantástica.
O momento final da HQ, quanto o Duas-Caras volta a sua dualidade e joga a moeda pela vida do Batman, é sensacional, e nos deixa com a pulga atrás do orelha quanto a personalidade de Harvey Dent. Estaria o corajoso promotor ainda embaixo de toda aquela loucura?
E o Grant Morrison é praticamente um Sansão dos escritores. Foi só ficar careca que perdeu a força na hora de escrever. Que tristeza.
E eu acho incrível como o Batman arrisca a própria vida para ajudar a restaurar um pouco da psiquê do Harvey. Na lógica do Morcego, sendo o Duas Caras ainda temos 50% de Harvey Dent, enquanto o tratamento havia destruído completamente a personalidade dele.
Sansão das HQs…? Porra, essa foi foda! HA!HA!HA!HA!HA!HA!HA!HA!HA!HA!
a versão do desenho animado Harvey era amigo de infância do bruce. Tem alguma ligação com a versão dos quadrinhos esse fato?
Na cronologia depois de Crise nas Infinitas Terras, não.
Confesso que nunca fui conhecedor das HQ, mas algo que me motiva a ler são os encadernados. E pela sua descrição Jota Jota, com certeza irei comprar.
Sou eu elogiando uma história do Batman escrito pelo maldito Morrison. Logo, pode acreditar que vale a pena.
só compro encadernados (quando sobra dindin), essa vida de revista mensal, é muito cara.
pra mim essa hq é o batman na vertigo , genial , perturbadora e com um final fantástico , pra mim ta pau a pau com o cavaleiro das trevas e a piada mortal
Ah, eu não iria tão longe. Mas, com certeza, é uma excelente história (superior a A Piada Mortal). Não à toa a Graphic Novel mais vendida de todos os tempos.
tenho duas edições dessa hq: uma meio surrada pela abril e um zero bala pela Panini.
Se essa nova vier cheia de extras, capa dura e tals, compro de novo.
Foi o que a Panini prometeu, Sorg. Além da história, artes descartadas e promocionais, comentários da Karen Berger e o roteiro completo e original do Morrison. Capa dura e papel couché.
massa.
Cofre certo.
Em 9 de janeiro de 2013 16:23, Disqus escreveu:
Também vou nessa.
Robin é um personagem legal.
Fica com ele pra você. Sempre achei que o Superman combinaria com um sidekick.
Ele já tem o Jimmy Olsen.
Putz, agora me lembrei daquelas histórias de merda dos anos 50, em que a cor da kryptonita influenciava a personalidade do Superman…
Peter David até fez piada com isso na mini-série que a Panini publicou da Supergirl. Tinha até uma kryptonita rosa que causava… bem… pois é!
O Alan Moore também citou isso em Supremo, não?
Isso, e outros muitos outros elementos do gênero de super-heróis.
Cara, como aquela história é foda. É mesmo muita pena que não seja realmente o Superman ali.
desculpa esfarrapada para dizer que é uma homenagem ao azulão.
Esfarrapada, não. Aliás, não foi desculpa nenhuma. Foi uma releitura do Supremo, que até então era apenas mais uma criação idiota e vazia do Rob Liefeld, usando elementos da mitologia do Superman.
Muito bom Jota Jota. Existe previsão desta reimpressão pela Panini?
Como eu disse, ela estava prevista pro fim do ano passado, mas foi adiada, pelo que parece.
ATUALIZANDO!!!!!!
A Comix Book Shop já começou a pré-venda, anunciando a publicação para fevereiro deste ano.
http://www.comix.com.br/produc…
Agradeço ao amigo Sorg, do Baile dos Enxutos, pela informação.
é impossível ler o scan dessa revista, impossível…
Doí muito a vista.
Na verdade, Renver, também é escroto de ler a edição impressa. Mas a Panini prometeu que a reimpressão também resolverá este problema.
O principal problema da versão lançada pela Abril é que com aquela lombada quadrada e capa brochura, vc tem que tomar muito cuidado ao ler pq senão as páginas simplesmente se desprendem. Tomara que a Panini conserte isso. Aliás, já tem previsão de lançamento ?
Como disse, a Panini aparentemente adiou o lançamento sem dar explicações ou marcar uma data.
Acho que com capa dura este problema será resolvido. A minha edição nunca apresentou problemas de soltar páginas. Edições que sofrem muito com isto são as que eu tenho lançadas pela Mythos mesmo…
ATUALIZANDO!!!!!!
A Comix Book Shop já começou a pré-venda, anunciando a publicação para fevereiro deste ano.
http://www.comix.com.br/product_info.php?products_id=18304
Agradeço ao amigo Sorg, do Baile dos Enxutos, pela informação.
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nunca vi, mas só ouvi elogios, principalmente da cena que o coringa faz fio terra no batema.
Ah, sei, a cena do cdf…
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