Analisando arquétipos: Persona – Parte 2

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Fala aê!

Dando continuidade ao assunto (Arquétipo da Persona, leia o título, e o post anterior aqui), hoje vamos trazer alguns exemplos de onde este conceito é aplicado nas mídias. Na semana passada falamos que o conceito tem seu nome retirado dos antigos teatros gregos e daquelas máscaras “bacanudas” de drama e comédia que vocês já conhecem. Então concluímos que o atuar é uma maneira de utilizarmos máscaras e que com isso, quando assistimos uma novela, estamos não SÓ vendo uma cena (Housy e Messias que são os noveleiros do site vão pirar agora), mas um ator fazendo uso de suas experiências para a confecção de uma máscara em que o personagem será caracterizado.

Bom pr’além das novelas e filmes um grupo de profissionais do Instituto de psicólogo da USP desenvolveu um artigo chamado “Jogar videogame como uma experiência simbólica: entrevistas com jogadores” Onde eles demonstram que o simples prazer de jogar videogame também é uma maneira de fazermos uso desta persona, principalmente nos jogos em primeira pessoa, em que esta visão auxilia o jogador a assumir o papel do herói durante a história.

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Nos quadrinhos de super-herois a brincadeira da persona se dá de maneira ainda mais interessante. Para fins didáticos, vou dividir os personagens da seguinte forma: personagens unifaciais, bifaciais, trifaciais e plurifaciais (lembrando que é uma definição minha e que por isso não apresentarei referências bibliográficas sobre esta parte).

Como personagem unifacial, porei como exemplo os Super-heróis com identidades reveladas, como por exemplo todo o Quarteto Fantástico, o Homem de Ferro, o Justiceiro, a Mulher Maravilha e etc. Dizer que eles tenham apenas “uma face” não quer dizer que eles não possam usar personas, como disse no texto anterior, todos usamos variadas máscaras ao longo do tempo, principalmente quando estamos em grupos diferentes. A questão é que estes personagens lidam com suas imagens heroicas e civis de maneira mais aberta, suas atitudes são mais previsíveis e estáveis por não precisar polarizar suas vidas.

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Os personagens Bifaciais seriam os personagens com identidades secretas, como por exemplo o Demolidor, ou o Homem-Aranha. Chamo de bifaciais por serem personagens que apenas utilizam uma identidade para além das próprias. Sua identidade “civil” não é moldada por conta de seus superpoderes, embora seja um pouco mais contida. Um evento emblemático na Marvel sobre este assunto foi a saga “Guerra Civil”, onde tivemos a marcante cena do Homem-Aranha abandonando sua identidade secreta e revelando Peter Parker ao mundo. Pondo os gostos da história de lado, a grande questão, ao meu ver, desta ação seria mudar o status quo e atribuir uma nova dinâmica ao personagem, que traria  inevitavelmente as consequências que tiveram (me refiro à tentativa de homicídio da Tia May, não ao maldito pacto com Mephisto). 

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Os personagens trifaciais seriam aqueles que possuem duas outras personas para si, enquanto dinâmica, para este exemplo eu porei a relação Superman/Clark e a relação Batman/Bruce Wayne, pois são personagens que utilizam tanto uma identidade como herói, como utilizavam, de acordo com o escritor, em alguns momentos uma “falsa” identidade como civil.

O Superman, que é um representante do “Estilo de vida americano” (além de ser chamado de “Escoteirão”, “Cão Mandado do Governo”), apesar de todas as glórias dadas por suas virtudes e trabalhos prestados à humanidade, sempre esteve limitado às Leis devido ao seu enorme senso moral. Em contrapartida temos o Clark que é a persona que, para esconder o seu poder, muita das vezes precisa se conter como um ser humano. Por outro lado temos um personagem que utiliza tanto a persona do Batman como o justiceiro de Gotham, o Cavaleiro das Trevas quanto à persona de Bruce Wayne, o Playboy (tá certo, o cara tem outros personagens, mas esses são os emblemáticos).

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Apenas uma pequena observação: na fase em que o Dick (aquele viadinho!) fica no lugar do Bruce como Batman, tivemos um personagem diferente, pois a persona não tem vida própria e como dissemos no post anterior a persona faz parte da personalidade e não o contrário, isso quer dizer que, por mais sinistro que Dick Grayson possa se tornar, nunca poderá ser um Batman como Bruce é. Essa lógica foi vista na Marvel com o Superior Homem-Aranha, Otto Octavius imprimiu características diferentes ao personificar o Homem-Aranha.

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E por último, na categoria de personagens plurifaciais porei como exemplo Bruce Banner, o Hulk e Ben Tennyson (nosso querido Ben-10), mesmo este não fazendo parte do mundo dos quadrinhos (acabei de descobrir que tem revista em quadrinhos dele). Bruce Banner foi diagnosticado como sendo portador do “Transtorno dissociativo de personalidade” (o antigo Transtorno de Personalidades Múltiplas, o F44 do Cid 10), o que é extremamente raro na vida real, mas que nas mídias é bem comum. Nesse caso a utilização não é algo consciente (o que foge do que estamos trabalhando como persona) só a coloquei aqui devido à forma como normalmente a dinâmica Hulk/Banner muitas das vezes é utilizada pelos grupos em que o Verdão participa. Matheus Vale do site Quadrinhossauro faz uma boa descrição do personagem num dossiê do Hulk (veja o dossiê aqui), demonstrando a origem dele ao longo do tempo.

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Já Benjamin Kirby Tennyson (Ben-10), esse sim, faz um uso de suas máscaras de forma bem consciente através de seu omnimatrix (omnitrix) que o transforma de acordo com seu comando para cada ocasião. Ben ao se tornar o alienígena escolhido, ele não deixa de ter consciência de quem é, mas tem suas ações moldadas pela criatura, como por exemplo quanto ele se transforma no tigre quizumbeiro “Rath“.

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Lembrando que máscara é algo que usamos o tempo todo, apenas exemplifiquei com os quadrinhos esta dinâmica.

Bom já deu né? Na próxima fecho esta bagaça de persona.

Até mais!

Panter-O

Redator dos Iluminerds, antenado em quadrinhos e Psicologia. Esta será a minha melhor versão de mim, rsrsrs.

Este post tem um comentário

  1. JJota

    por mais sinistro que Dick Grayson possa se tornar, nunca poderá ser um Batman como Bruce é.

    Claro que não! Nunca! Só há um Batman!

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