A Morte do Superman

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Ou como a baixa popularidade, a ascensão dos anti-heróis e uma série de TV transformaram um casamento em um dos maiores eventos da mídia de todos os tempos.

Ah, matem o Azulão!

Em 1992, Mike Carlin (editor da linha do Superman) comandava mais uma sequência de reuniões com os responsáveis pelos títulos do Homem de Aço. Em pauta, o planejamento das histórias do ano, que deveriam culminar com o tão adiado casamento de Clark Kent e Lois Lane em Superman #75.

Mas, de um dia pro outro, tudo mudou…

Jennete Kahn
Jennete Kahn

Jenette Kahn, presidente da DC Comics, informou a Carlin que havia conseguido convencer uma rede de TV, a ABC, a levar ao ar uma série com o mais poderoso personagem da editora. Disse ainda que a série focaria principalmente no relacionamento dele com a sua colega repórter e que, em algum momento do programa, eles iriam se casar.

Quando Carlin soltou a bomba na reunião seguinte, os presentes perceberam a enrascada: o casamento nos quadrinhos naquele momento esvaziaria o interesse pelo mesmo acontecimento na série televisiva. Além do mais, passariam um atestado de cegueira midiática se não trabalhassem de forma que o evento pudesse ocorrer simultaneamente nos dois veículos.

A decisão de adiar o enlace matrimonial terminou por engavetar todo o planejamento traçado até então. O relacionamento entre Lois e Clark nunca primara pela tensão sexual e, desde que ela descobrira sua identidade secreta e eles noivaram, vinha se arrastando sem grandes expectativas. O que poderia ser feito pra encher o tempo até que o casal estivesse próximo do casamento também na TV?

Teri Hatcher, a única coisa realmente boa da série de TV do Superman dos anos 90.
Teri Hatcher, a única coisa realmente boa da série de TV do Superman dos anos 90.

Era costume nas reuniões, quando ocorria um “deserto de idéias”, Jerry Ordway (roteirista de Adventures Of Superman) gritar “Ah, matem o Azulão!”, para diversão dos colegas. Mas, quando o fez neste dia, todos congelaram quando Mike Carlin respondeu “Ok, espertinhos. Se o matarmos, o que acontece depois?”

Mike Carlin
Mike Carlin

Ainda com as primeiras idéias sendo apontadas, o editor foi ao telefone e voltou poucos minutos depois para informar a todos que não, eles não poderiam mais casar o Superman. E que sim, eles haviam conseguido a autorização para matá-lo.

 

UM HERÓI DEFINHANDO

Já havia um bom tempo que o Superman vinha agonizando por não despertar mais o interesse do público colecionador. Depois que obras como O Cavaleiro das Trevas escancararam o desdém com que muitos viam o personagem, a falta de direção editorial acabou permitindo que várias alterações feitas por John Byrne em sua reformulação do herói acabassem sendo deixadas de lado, inaugurando uma nova e insana “escalada de poder” para o kryptoniano.

John Byrne havia diminuído a gama de poderes do personagem, pois entendia que um personagem invulnerável e ultrapoderoso nem teria motivos pra sentir medo de nada. E tal nível de destemor o separava demais dos leitores.
John Byrne havia diminuído a gama de poderes do personagem, pois entendia que um personagem invulnerável e ultrapoderoso nem teria motivos pra sentir medo de nada. E tal nível de destemor o separava demais dos leitores.

Tanto poder, aliado a uma personalidade e aparência exageradamente “certinhas”, ajudou a tornar o personagem desinteressante para muitos. As histórias eram tão previsíveis quanto um episódio de He-Man.

Perder nas vendas para os mentalmente perturbados Batman e Wolverine era um incômodo. Disputar números com um coadjuvante como o Justiceiro (claro que a.G.E – antes de Garth Ennis) era triste. Ser mercadologicamente humilhado pelas milhares de cópias dos citados personagens – e dele mesmo – que editoras como a Image lançavam todos os meses era o fundo do poço.

Talvez isso tenha motivado a empolgação de Carlin. Era o momento de mostrar que a DC estava, mais uma vez, disposta a aceitar riscos e se colocar à frente do mercado.

Até um momento tão clássico das HQs o Novos 52 apagou...
Até um momento tão clássico das HQs o Novos 52 apagou…

O problema era que matar personagens não era algo novo. A própria DC já havia matado o Batman da Terra Paralela (Terra-2 nos EUA) – ou seja, o Batman “original” – em 19…. A editora também havia encerrado as trajetórias vitais do Flash e da Supergirl (e mais uma penca de outros personagens menores) durante a Crise nas Infinitas Terras e, mais recentemente, assassinara, pelas mãos do Coringa e com requintes de crueldade, Jason Todd, o segundo Robin. Além disso, o infame recurso de ressurreições já estava começando a ser largamente utilizado.  Que apelo poderia surgir dali?

Ora, o apelo estava no fato de que a vítima não era um qualquer ou uma versão de outra realidade de algum personagem grande. Era “o” Superman. Mais do que um herói de quadrinhos, um autêntico ícone, o “cara” que tornara os quadrinhos de super-herói populares, possibilitando a existência de uma hoje poderosa indústria de entretenimento praticamente toda baseada em seres fictícios com algum tipo de habilidade especial.

As primeiras reações surgidas quando a idéia “vazou” mostraram que, ainda que as vendas fossem baixas e as histórias ruins, Kal-El permanecia no coração de milhares de pessoas, mesmo algumas que nunca tinham aberto uma revista em quadrinhos, mas que conheciam o cara do cinema ou da TV.

Não era importante de onde Apocalypse veio!

Apocalypse, o assassino do Superman
Apocalypse, o assassino do Superman

Com o Superman definitivamente condenado, restava nomear o carrasco.

Carlin tinha tomado a decisão de não usar “elementos externos” durante aquela fase. Como tudo – não só a morte em si, mas o funeral e o retorno – deveria acontecer nas edições mensais do Superman, seriam os responsáveis pelos títulos dele que fariam as histórias. E resolveram de saída que nenhum dos membros da galeria de vilões do personagem merecia a “honra” de ser seu assassino.

Mike Carlin se lembrou que Dan Jurgens (roteirista e desenhista de Superman) há tempos vinha pedindo que o deixassem criar um monstro “à la Hulk” que pudesse ser realmente um desafio físico para o Azulão. Com a idéia do monstro na cabeça e, observando a frase que colocara em um painel – “Apocalipse para o Superman!” –, o editor encontrou o nome e o tipo de criatura que poria fim aos dias do herói. Mandou então que os desenhistas presentes apresentassem suas idéias para a aparência do vilão. Pra surpresa de ninguém, o esboço de Jurgens venceu.

Roger Stern
Roger Stern

Não se sabe quando, mas, em algum momento, a orientação de Carlin para que “houvesse alguma história” por trás do futuro assassino, para evitar que ficasse “chato e parecendo um evento fabricado”, foi completamente esquecida. Prevaleceu a idéia sintetizada por Roger Stern (roteirista de Action Comics): “Não era importante de onde Apocalypse veio. Ele é uma força da natureza e mata o Superman.”

 

A MORTE

A história é conhecida: uma estranha criatura – posteriormente apelidada de Apocalypse – surge das entranhas da terra e inicia uma trajetória de destruição sem sentido em direção a Metrópolis, derrotando o segundo escalão da Liga da Justiça e só sendo parada por Superman, que trava um violento combate no centro da grande cidade, matando o monstro e sucumbindo logo depois, nos braços de Lois Lane, devido a gravidade de suas lesões.

A morte em si ocorreu naquela mesma edição 75 da revista Superman que deveria conter o casamento de Clark e Lois. Dan Jurgens optou por fazer uma história apenas com quadros de página inteira. Plasticamente bonita, terminou definida por Mike Carlin não como uma história, mas apenas como “uma grande briga”. Era pensamento do editor que a verdadeira saga começaria depois da queda de Kal-El.

Capa de Superman 75: em vez de um casamento, uma morte emblemática.
Capa de Superman 75: em vez de um casamento, uma morte emblemática.

Durante dois meses, foram explorados os efeitos do acontecimento sobre o Universo DC em um arco intitulado Funeral Para Um Amigo. Por fim, foi suspensa a publicação dos títulos do Homem de Aço.

Dan Jurgens
Dan Jurgens

Isso se deu por conta de uma questão mercadológica: a DC tinha de informar sinopses de suas publicações em um prazo de três meses antes das mesmas irem às bancas. Desta forma, quando Superman #75 estivesse sendo vendida, os leitores já saberiam que o personagem ressuscitaria. Com a interrupção das publicações, não apenas evitaram isso como passariam a ideia pras pessoas de que, realmente, a carreira do Último Filho de Krypton tinha acabado.

“A DC sabia que estávamos assumindo um risco em parar a publicação. (...) Era literalmente a corporação colocando a caixa-registradora de lado pra se curvar em respeito ao personagem que fundou a indústria.” Jon Bogdanove, desenhista de Superman - Man of Steel.
“A DC sabia que estávamos assumindo um risco em parar a publicação. (…) Era literalmente a corporação colocando a caixa-registradora de lado pra se curvar em respeito ao personagem que fundou a indústria.” Jon Bogdanove, desenhista de Superman – Man of Steel.

O efeito foi estupendo. De repente, várias pessoas perceberam que gostavam do personagem como daquele amigo com quem você quase nunca fala, mas sabe que é só ligar que ele está disposto a lhe ajudar no que for preciso. Fãs – inclusive pessoas de mais idade – passaram a usar fitas pretas com o símbolo do Superman em sinal de luto. Programas de rádio, TV e jornais que nunca deram destaque algum para os quadrinhos, naquele momento, faziam matérias sobre o acontecido e – pasmem! – levando a sério.

Jerry Ordway
Jerry Ordway

As vendas astronômicas – turbinadas à época por verdadeiros “especuladores” do mercado de HQ – fizeram com que Superman #75 fosse vilanizada como uma das responsáveis pela “bolha” do mercado de histórias em quadrinhos, levando o mercado à bancarrota nos anos 1990. Jerry Ordway rebateu essa visão: “Fazíamos quatro revistas, entre todas as centenas publicadas todos os meses. Qualquer revista da Valiant que tivesse alguma coisa prateada na capa e custasse oito pratas também vendia que nem água.”

 

O RETORNO

O Superman de óculos escuros e métodos violentos era uma crítica direta a todos os leitores que reclamavam do excessivo "bom mocismo" de Kal-El.
O Superman de óculos escuros e métodos violentos era uma crítica direta a todos os leitores que reclamavam do excessivo “bom mocismo” de Kal-El.

A repercussão da Morte fez com que os envolvidos percebessem que não poderiam deixar cair a peteca. Era fato que o herói retornaria – em nenhum momento foi sequer cogitada a possibilidade de que ele permanecesse morto – porém era necessário que fosse de uma forma grandiosa.

Aço não seria uma reencarnação propriamente dita do Superman. Segundo Louise, ele teria a "alma" do herói falecido.
Aço não seria uma reencarnação propriamente dita do Superman. Segundo Louise, ele teria a “alma” do herói falecido.

A idéia de que, pelo menos por um tempo, surgisse um Superman completamente renovado seduziu os roteiristas, que ofereceram suas idéias. E Louise Simonson (roteirista de Superman – Man of Steel) perguntou se não poderiam usar todas as quatro versões até então apresentadas.

Assim decidido, Ordway se despediria do personagem em Adventures of Superman #500, apresentando não um, mas quatro candidatos ao posto do Homem de Aço. E, mais uma vez, a repercussão foi imensa, como recorda Jurgens “…mesmo com todas as possibilidades e especulações, ninguém esperava quatro Supermen.”

Os leitores, por algum tempo, se dividiram entre um ciborgue, um clone juvenil, um negro de armadura e um impiedoso kryptoniano. Apenas o primeiro e o último afirmavam categoricamente serem o herói renascido.

Dentre todos, o que mais me chamou a atenção foi o kryptoniano. Se, durante a Morte, os roteiristas se esforçaram para evidenciar a supremacia moral do Superman sobre personagens como Guy Gardner – mais popular entre os jovens e o mais perto de um anti-herói dentro da Liga da Justiça –, agora, era como se os artistas dissessem: “Ora, vocês não queriam um Superman sem freios morais? Pois aí está ele!”

Pouca enrolação: logo foi revelado que o "Superboy" na verdade era um clone do kryptoniano. Posteriormente foi descoberto que ele também continha material genético de Lex Luthor.
Pouca enrolação: logo foi revelado que o “Superboy” na verdade era um clone do kryptoniano. Posteriormente foi descoberto que ele também continha material genético de Lex Luthor.

 

Roteiristas da época lembram que, em um dado momento, Mike Carlin começou a pressionar pelo retorno do verdadeiro Kal-El. Tempos depois, o editor se explicou, afirmando que o grande problema era que a série de TV estava prestes a estrear e seria muito estranho se o personagem principal do programa televisivo aparecesse na tela enquanto ainda estivesse morto nos quadrinhos (acreditem, esta não é a última disposição tomada com base no lixento programa – a pior de todas ainda estaria por vir).

O ciborgue, apesar do visual escrotíssimo, foi o que mais convenceu o público na época.
O ciborgue, apesar do visual escrotíssimo, foi o que mais convenceu o público na época.

No processo, Coast City – lar do Lanterna Verde Hal Jordan – foi varrida do mapa (a cidade foi oferecida para o sacrifício por Kevin Dooley, editor do Lanterna Verde, que acreditou que assim atrairia atenção para o título Green Lantern) e, no momento de maior necessidade, o Homem do Amanhã ressurge de dentro de uma espécie de robô-tanque, usando um traje preto com símbolo prateado e um… mullet?

“O fizemos com o cabelo comprido porque, nas fotos iniciais do seriado, Dean Cain também aparecia assim. Queríamos mostrar a todos como seria o Superman naquele ano!”, explicou Carlin.

Mongul
Mongul

Depois de salvar o dia – e o planeta! – Superman voltou ao seu antigo uniforme (a ideia de remodelar o traje foi adiada para o futuro e, claro, tremendamente mal executada… Duas palavras: Superman Elétrico!), infelizmente mantendo o cabelo comprido por algum tempo.

O herói de volta, com algumas sutis diferenças...
O herói de volta, com algumas sutis diferenças…

O QUE VEIO DEPOIS

Retomando seu posto de grande super-herói, Kal-El conseguiu manter a venda de seus títulos em patamares aceitáveis. Além disso, houve toda uma movimentação para, de certa forma, não tocar muito no assunto, já que diversos aspectos ficaram nebulosos tanto na questão da morte (“Acredite, Kal-El, você estava tecnicamente morto!” afirma o Erradicador quando ele lhe pergunta se não estaria, na verdade, em uma espécie de animação suspensa) como na da ressurreição (que, talvez, tenha ficado incomodamente religiosa para alguns, principalmente para quem leu Superman – Além da Morte).

O casamento acabou ocorrendo, em sincronia com a série televisiva.
O casamento acabou ocorrendo, em sincronia com a série televisiva.

Louise Simonson afirmou que foi a partir dali que ficou cansativo escrever o personagem, pois a DC passou a pressioná-los por eventos gigantescos, interligando os títulos, ainda que apenas por um fiapo de história (ora vejam só, quem diria que estaríamos vivendo tudo isso novamente?).

Disso, veio o Superman Elétrico, os dois Supermen e tantas outras coisas idiotas que, de certa forma, acabaram detonando o respeito que o personagem havia adquirido principalmente entre os fãs mais novos.

Essa foi de chorar...
Essa foi de chorar…

 

O POST

Brincadeiras à parte, o Superman tem o meu respeito, pois foi quem primeiro me passou ideias que considero extremamente importantes na minha formação moral, como a razão para se fazer o bem quando se é agraciado com grandes poderes e os limites que tem de se impor para que sua proteção não se torne intervenção.

Claro que poucos roteiristas souberam tratar bem o personagem. Sempre achei ridícula a visão dele como um caipira, que não condiz com um sujeito que estudou o acervo de seu povo – um dos mais intelectualmente avançados de todo o universo – e conheceu incontáveis culturas deste e de outros mundos. Também achava detestável a forma como ele se deixava tratar por sua paixão-namorada-esposa Lois Lane. Coisas assim nunca me permitiram ser um colecionador do título mensal do personagem, me concentrando mais em encadernados e edições especiais.

supermanmorto

Vejo Kal-El como aquele que garante que sujeitos como Batman e Arqueiro Verde possam se concentrar em combater o crime das ruas de suas cidades: eles sabem que o Superman está atento para garantir as coisas em um plano maior.

Elogios a "isto" me soam simplesmente inexplicáveis.
Elogios a “isto” me soam simplesmente inexplicáveis.

Vê-lo manter sua investida sobre Apocalypse, mesmo tendo percebido que aquele combate lhe custaria a vida, fez com que minha admiração aumentasse. Ali foi provado o quanto estava disposto a sacrificar para cumprir seu objetivo de proteger a nós, frágeis seres humanos, sem esperar absolutamente nada em troca.

Dificilmente, acredito que ainda terei prazer em ler algo com ele, visto as pavorosas mudanças editoriais provocadas por Novos 52 e as incômodas reinterpretações do personagem, principalmente a ridícula ideia de ele usar calça jeans e bota de servente. Sua nova personalidade e o uniforme-armadura também me desagradaram. De certa forma, posso ver a Morte hoje em dia como se não tivesse, de certa forma, Retorno.

Sendo assim, por este post, dou provas do meu apreço pelo maior de todos os super-heróis.

Não deixem de ouvir o Ilumicast sobre este assunto!

Dedico este post aos amigos Caio Égon, Doutor House (Iluminerds), Edson Jr., Edson Silva, Eunuco (Baile dos Enxutos), Felipe Garcia, Gilberto Silva, Gleydson Cosmo, Jorge Camargo, Leandro Ricardi (apesar de ser fã do Superboy, vai entender…), Linik Sued (Darth Chief), Marcus Roberto, Rafael Rodrigues (Uarévaa), Rennê Anderson, Sandra Mel (HQ Fan), Odair Jr., Super (Baile dos Enxutos), Tom Grotto e a todos os outros que sempre olham pra cima com uma ponta de esperança quando escutam alguém gritar:

“Olhem lá no céu!”

olhalanoceu

Seria desonesto da minha parte terminar sem reconhecer a importância da melhor publicação sobre quadrinhos que já existiu. Todas as declarações dos autores aqui reproduzidas foram retiradas da reportagem Retrospectiva: A Morte do Superman, de Richard Ho, publicada no Brasil pela Wizmania (na verdade, Wizard) #7, de novembro de 2008. Todas as referências textuais sobre as histórias vieram das publicações da Editora Abril (sempre em formatinho) A Morte do Super-Homem (edição especial), Super-Homem – Além da Morte (edição especial), Funeral Para Um Amigo (mini em quatro edições) e O Retorno do Super-Homem (mini em três edições).

JJota

Já foi o espírito vivo dos anos 80 e, como tal, quase pereceu nos anos 90. Salvo - graças, principalmente, ao Selo Vertigo -, descobriu nos últimos anos que a única forma de se manter fã de quadrinhos é desenvolvendo uma cronologia própria, sem heróis superiores ou corporações idiotas.

Este post tem 34 comentários

  1. Germinador

    Jota Jota, sua anta… ele não matou o Apocalipse, ele só conseguiu nocautear quebrando alguns ossos externos.

    Parabéns pelo topico sua putinha.

    1. JJota

      Ah, cara, de boa… Eu simplesmente desconsiderei aquela tremenda bobagem que inventaram pra fazer aquele ridículo A Revanche. Pra mim, tanto o Superman como o Apocalypse bateram mesmo as botas ali, como ficou claro na edição da Morte.

        1. JJota

          A “origem” do Apocalypse me fez rir muito de tão ridícula.

  2. Post bacana JJ e obrigado pela dedicatória, sinceramente em meu tempo mais juvenil eu tinha esse preconceito com o personagem via cavaleiro das trevas(em nova fronteira), só conseguir ver o verdadeiro caráter do personagem e o que ele representa em Reino do Amanhã e Paz na terra.,
    Ele é a forma mais absoluta da palavra “heroi” sempre preocupado com todos, sempre procurando o melhor caminho, sendo motivado a continuar apenas pela sua vontade de ajudar ao próximo.
    Aconselho um filme coreano baseado em fatos reais(nunca confirmei eu mesmo) A Man Who Was Superman, contando a historia de um louco que achava que era o superman e passava o dia ajudando pessoas.

    1. JJota

      Eu sempre vi a participação do Superman em O Cavaleiro das Trevas como uma crítica que o Miller fez aos anos e anos de interpretações insossas passadas ao personagem. Era como se o então jovem astro do roteiro dissesse “Caras, o Superman é foda mas vocês transformaram ele num babacão!”

      É fato que gosto muito mais do Batman como personagem, mas acho, sinceramente, que o Superman é o maior de todos os super-heróis: ele poderia ser tudo, ter tudo, dominar este ou qualquer outro mundo, mas decidiu ser nosso protetor, ainda tomando o cuidado de não nor tornar dependentes da sua presença (por favor, alguém explique este conceito ao Straczynski).

      E valeu pela dica. Vou procurar esse filme.

  3. Inacreditavel_Neo

    Snif, snif… emocionante, cara!

    Nunca escondi minha admiração pelo Super e quando li a “Morte…” na época, não acreditei no que fizeram com o cara. Lembro também de ter pensado “taí, seus merdas, o Super-Homem chuta bundas!”.

    Mesmo anos depois, já sabendo que a história foi uma grande jogada de marketing, a “Morte…” ainda soa, pra mim, como um conto sobre nobreza e coragem.

    Até.

    1. JJota

      Eram bem outros tempos, mesmo. Mesmo as jogadas mercadológicas sabiam como atingir os fãs. Hoje, nestes dias superiores, é difícil crer que o fã importe realmente…

  4. Don Vittor

    Cara a despeito das críticas, creio que tenho sido um dos maiores fenômenos das histórias em quadrinhos…

    1. JJota

      Superman 75 vendeu quatro milhões de cópias só nos EUA naquele ano. Tá bom?

  5. King

    Muito JJ. Apesar de ler muito, hoje em dia nem eu consigo ler as mensais do Homem de Aco…

      1. King

        O lance é que os títulos estão bem mastigados, repletos de situações clichês, apesar de tecnicamente bem executados. Para leitores novatos, a coisa funciona (vide os números).
        Mas para a velharia, cansa.

        1. JJota

          Mas o pior é que nem sequer zeraram a coisa toda. Deram um salto e deixaram um limbo de alguns anos, como se dissessem “Ah, quem quer que conte origens novamente? Vamos ao que interessa!”. E muitos títulos parecem não “casar” com outros, como se estivessem bem afastados um do outro no tempo.

          Por falar nisso, estava lendo o título do Tomasi no Batman. Também deixa a desejar, mas achei bem melhor do que o do Snyder-Capullo.

          1. King

            A cronologia do Batman e do Lanterna Verde não dá mais para entender. Pouco tempo para muitos acontecimentos. Até que os títulos que estão sob os auspícios do Jonhs estão coerentes entre si, mesmo discutindo a qualidade…
            Já os títulos do Batman, este do Tomasi ainda não conferi. Vou dar (ui) uma chance…

            Em 22 de fevereiro de 2013 16:53, Disqus escreveu:

          2. JJota

            Basicamente, no Batman eles pegaram acho que de dez a quinze anos e espremeram em 5. Ficou confuso pra caramba e, pra piorar, meio desconectado do UDC.

            Vale a pena a conferida. Pra mim – apesar da presença do Damian – é o melhor título com o Morcego atualmente.

          3. King

            blz. Quem sabe nao sai uma RE? heahuea

    1. JJota

      Este aí também é o meu pedido de desculpas por não ter conseguido participar do podcast sobre o assunto…

  6. Renver

    Excelente post!!!

    O Superman ideal pra mim é o da Série animada dos anos 90…

    Onde a Lois o menospreza porque sempre vêe Clark como um rival… Mas Clark semrpe se coloca acima de tudo isso…

    Tem um episódio que o carro deles quebra numa montanha devido a intervenção do Bizarro (“travestido” de Superman) daí Clark decide voltar “a pé” pra cidade…a Lois zoa com ele… “Caipira daqui a até metrópoles são quilômetros de distância” ele retruca (com ar de fod#-se sua opinião) “Caipira gosta de andar a pé”…

    1. JJota

      É uma das coisas que me deixou estarrecido neste “novo” Superman: ele perdeu muito daquele ar de nobreza e educação que sempre foi uma constante no personagem. Se, na minha visão, o Batman é, antes de mais nada, o medo, o Superman sempre foi o exemplo. Isso parece estar se perdendo nesta reformulação.

  7. Renver

    Uma história que eu gosto muto do Super é “O último Filho da terra” onde ele se torna um Lanterna Verde.

  8. GuilhermeCunha

    JJ, vc escreve bem e é inteligente, mas tb tem uma visão estreita pra certas coisas… parece que tudo que difere da visão que vc tem do Super é uma falta de respeito… como essa sua implicância cega com a visão que o Morrison tem dos personagens.

    Vc limitou toda a crítica a concepção do Superman dos Novos 52 à estética do uniforme…

    Tb fiquei sem saber porque o visual do Ciborgue é ruim pra vc… particularmente eu achava o Superman bad boy de óculos escuros um visual 100 vezes menos criativo…

    E idéia do seriado era ser quase um sitcom, tanto que o título é Lois e Clark e não Superman e a primeira temporada dele, antes da suposta morte do Luthor, até que é bem legal…

    Fora isso parabéns pelas informações e depoimentos, tem muito detalhe que eu não sabia…

    1. JJota

      Cara, eu gosto de muita coisa que o Morrison escreveu. Hoje, acho que ele tira sarro com a cara dos personagens e, por tabela, dos fãs dos mesmos. Não tenho implicância cega com o sujeito, até porque ainda continuo relendo e me divertindo muito com as coisas boas que ele fez (Homem-Animal, por exemplo, pra mim sempre será a visão definitiva do personagem). Mas ele – assim como Moore e Miller – mudou a visão que tinha dos heróis fantasiados. Não vou fazer de conta que ele está fazendo bons trabalhos… Cara, nem com Moore eu teria esta benevolência. O passado é o passado. Eu analiso o presente. Veja o post sobre Asilo Arkham ( http://www.iluminerds.com.br/asilo-arkham-uma-seria-casa-em-um-serio-mundo/ ) e veja se aquilo não foi escrito por um fã.

      Não me incomodei com coisas ruins que Jeph Loeb, por exemplo, fez com o personagem. Eram histórias ruins, mas, pelo menos, ainda era o Superman. Não tenho a minha visão pra me estabelecer: tenho um conceito do personagem que me foi passado durante anos e que foi o que me atraiu nele. Se hoje este conceito não é mais válido e foi substituído por algo que eu considero limitador, escroto e sem imaginação… Bom, acho que é bem um direito meu e não um simples caso de visão limitadora. Muitos personagens foram reformulados e eu achei excelente. Ennis, pra mim, redefiniu muito bem um personagem que eu já gostava, que era o Justiceiro.

      Você também escreve bem. E muito. Mas talvez precise ler com mais atenção ou, pelo menos, fazer uma indagação primeiro antes de postar uma crítica (já que estou aqui e no FB pra responder as questões sempre que possível): Eu não limitei minha crítica ao Superman dos Novos 52 ao visual, eu simplesmente não conspurquei o meu post sobre um grande evento de um grande personagem misturando assuntos. Usei um artifício simples pra – apenas – exemplificar meu incômodo, postando a foto do super-servente e falando da armadura. Não gosto de um Super dark, como jamais aceitaria um Batman piadista, alegre e satisfeito com a vida.

      O visual do ciborgue é escroto porque é um cara que – pelo menos era isso que os roteiristas quiserem fazer o leitor pensar – misturava partes humanas com outras mecânicas que ficavam completamente aparentes. Um rosto metade humano, metade crânio de metal e aquele braço que se transformava em armas e até formava pequenos aparelhos era muito pra mim. É como o atual Coringa do Capullo: aquilo não é assustador pra mim. É simplesmente nojento. O Superman de visor tinha um visual simples. Não achei o visual criativo nem o do ciborgue simplório. São coisas diferentes.

      Eu lamento – e sempre continuarei lamentando – que usem super-heróis importantes pra realizarem ideias ruins, como fazer uma sitcom com o Superman. Mantenho minha opinião: acho a série um lixo. É simplesmente ridículo ver o Dean Cain com o uniforme do Azulão.

      Quanto aos depoimentos, procure a edição da Wizard que apontei no fim do post. Vale muito a pena estas reportagens estilo “comentários do diretor”. A sobre Crise nas Infinitas Terras é excelente.

      1. GuilhermeCunha

        Diferente do Alan Moore, eu acho que o Morrison ainda tem EXATAMENTE o mesmo conceito sobre os super-heróis que ele tinha antes.

        Inclusive tem muita coisa em comum entre a Fase dele no Homem-Animal e no Batman.

  9. Omega Nerd

    O que fica é a lembrança. O erro é nosso, de querer reviver o que já tivemos de melhor.

    As vezes grandes clássicos nascem a pedido de produtores, as vezes de forma espontânea e com baixos recursos, mas querer a) tirar partido de um modismo como os anti-heróis ou b) querer refazer os passos de outras franquias de sucesso como o novo Homem-Aranha Dark Crepúsculo, podem resultar em catástrofes como o Super-Elétrico.

    A idéia é sempre inovar, mas não precisa seguir modismos. Podiam criar novos conflitos, problemas que só um Super-Homem pudesse resolver que não envolvesse ameaças galaticas manjadas. Super-Man All Stars voltou-se para um revivalismo que só Grant Morrison podia explorar, cheio de notas ao passado, e para mim, foi a ultima pérola com o herói. Desde então, nada relevante foi criado.

    1. JJota

      Não sou contra o novo. Sou justamente contra a mesmice, o clichê. Existem autores que são tão bons que pegam um clichê e fazem uma história extraordinária. Mas não há mais espaço para esses criadores no mundo dos super-heróis. Agora, acho que existe um enredo básico de cada herói que, uma vez ignorado, desmancha tudo e o transforma em outra coisa. É assim que vejo muito do que vem sendo publicado atualmente na Marvel e na DC.

  10. FSociety

    Alguns personagens eram melhores antes caso do Superboy de A Morte do Superman ele era
    melhor que este de agora.

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