A Mitologia por trás de God of War – Hefesto, Pandora e as Mulheres

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Quaisquer informações sobre os mitos gregos são versões de narrativas que já existiam. Isso ocorre principalmente em função da imaginação fértil dos poetas e da credulidade dos povos. É importante citar também que o mito não funciona apenas como uma história de aventura, mas também como ferramenta cultural. Um mito, por mais esdrúxulo que pareça, possui um significado mais profundo.

Os links para os outros títulos da série estão no final deste post…

Tô jogando

Para vencer Ares, a pedido de Atena, Kratos abriu a Caixa de Pandora e utilizou seu poder. A Caixa estava no Templo de Pandora, nas costas de Cronos. O objeto foi colocado lá como sugestão de Hefesto, seu criador.

GOW Hefesto

Hefesto é filho de Zeus e Hera e o ferreiro/arquiteto dos deuses. É tão habilidoso que Zeus o presenteou casando-o com Afrodite, a gostosa do Olimpo. Sua figura é grotesca, quase um monstro, mas nem sempre foi assim. Após Kratos abrir a Caixa, Zeus descobriu que Hefesto havia mentido sobre sua confecção. Então, torturou-o até admitir a existência de Pandora, que ele havia escondido ao entregar a Caixa ao Senhor do Olimpo. Depois disso, Zeus o lançou ao Inferno (local onde Kratos o encontrou) e aprisionou Pandora.

GOW Pandora

A origem da Caixa pertence ao período da guerra contra os titãs. Este conflito gerou males que poderiam destruir o mundo (medo, cobiça, ódio etc.). A pedido de Zeus, Hefesto planejou um container para guardar esses males. Ele forjou a Caixa com um poder maior que o dos deuses. Para mantê-la fechada, criou a chave a partir das Chamas do Olimpo. A chave, então, ganhou vida própria, Pandora, que Hefesto passou a amar como uma filha.

Kratos também se afeiçoou a Pandora (lembrava sua filha) e decidiu não sacrificá-la para abrir a Caixa novamente. Entretanto, a própria menina se sacrificou para ajudar o herói.

No final das contas, Kratos, além de matar Hefesto (que o atacou primeiro…), ainda fornicou com sua mulher, Afrodite, e levou sua filha à morte. Carinha legal, né…?

Conta como foi, vai…

Este é um dos casos de forte adaptação do mito ao contexto da obra derivada. A história de Hefesto, Pandora e da Caixa foi um pouquinho diferente…

Hefesto de fato é considerado o ferreiro/artesão dos deuses e pode ser filho de Zeus e Hera. Entretanto, há uma origem mais interessante. Cansada da ausência de Zeus, Hera decide punir o marido gerando um filho sozinha. O rebento deveria ser uma criatura belíssima como ela. Infelizmente, nasceu um ser feio, disforme e manco. Hera não ficou satisfeita, pois não poderia usá-lo como ferramenta de vingança. Assim, jogou-o ao mar. O pequeno Hefesto foi salvo pela nereida Tétis e oceânide Eurínome.

A posterior expulsão de Hefesto do Olimpo ocorreu em função da sua interferência na punição de Hera. Zeus a estava punindo por ter perseguido Heracles. Hefesto tentou defender a mãe e foi jogado do Olimpo, caindo na ilha de Lemnos. Inclusive, isto também pode ser a razão do deus ser manco.

A relação com Pandora, por sua vez, não envolve o amor. Ele de fato a criou, mas por outra razão. Zeus estava chateado com Prometeu, que havia ajudado a humanidade com o roubo do fogo (veja esta história aqui), então, para punir os homens, que ainda viviam de maneira tranquila e sem problemas, Zeus pede a Hefesto que crie um ser ideal, fascinante, semelhante às deusas. Deste modo, Hefesto cria a primeira mulher, modelada em argila. Para torná-la irresistível, o deus ainda teve ajuda dos demais imortais: Atena a vestiu e ensinou a tecelagem; Afrodite deu-lhe beleza e desejo indomável; Hermes contribuiu com imprudência, astúcia, cinismo e chamou-a de Pandora. E dela descendem todas as mulheres.

Zeus pediu a Hermes que levasse o “presente” a Epimeteu (irmão de Prometeu) – um cara, segundo Hesíodo, “sem-acerto que foi um mal desde o começo aos homens”. Este mané, mesmo avisado pelo irmão, aceitou, maravilhado, o presente de Zeus.

Pandora, levada pela tradicional curiosidade feminina, abriu a jarra (e não uma caixa) que trouxera do Olimpo como presente de núpcias a Epimeteu. De dentro dela saíram todas as calamidades e desgraças que até hoje ferram com os homens.

Sim, pessoas, para os gregos, a degradação dos homens se iniciou com a criação das mulheres… Elas causaram o fim da Idade de Ouro.

Contudo, o mito não é assim tão misógino. O que Hesíodo pretende passar é o cuidado na escolha de uma boa esposa. Pandora (ou seja, todas as mulheres) é um mal não por agir de maneira prejudicial, mas por ser tão maravilhosa que torna sua presença indispensável ao homem… Fofo…

Olha que bonito!

A obra abaixo é inspirada no episódio em que Tétis pede para que Hefesto forje uma armadura para seu filho, Aquiles. Entretanto, a mulher em primeiro plano é Atena, não Tétis. Por isso, também podemos interpretar este momento como Atena fazendo uma encomenda a Hefesto, o que teria causado a origem de Erictônio (esta história será contada no post sobre Atena). Essa obra é de Giorgio Vasari, de 1565.

Giorgio Vasari - vulcan-s-forge-1565

As duas pinturas a seguir, apesar de serem independentes e de artistas diferentes, narram um mesmo mito. Hefesto, que vivia trabalhando, não dava atenção a sua esposa, a gostosa da Afrodite. Além disso, como ela fora obrigada a se casar, traía-o sempre que podia. Um de seus amantes era Ares, o deus da guerra. Na primeira obra, de Velazquez (1630), vemos o fofoqueiro do Apolo contando a Hefesto sobre as aventuras de sua mulher. Na segunda, de Joachim Wtewael (1601), temos o momento em que Hefesto chama os outros deuses para flagrar os dois na cama.

Diego Velazquez the-forge-of-vulcan-1630
Olha a cara de surpresa de Hefesto… É, mané, você é corno!
Hermes é bem safado, pois também deu uns pegas em Afrodite, gerando um filho, o Hermafrodito.
Hermes (aquele levantando a cortina) também deu uns pegas em Afrodite, gerando um filho, o Hermafrodito.

Por último, duas representações de Pandora, uma segurando a Caixa e outra junto a Jarra.

John william waterhouse_pandora - 1896
Pandora, de John William Waterhouse – 1896
Francesco Cairo_Pandora 1645
Pandora, de Francesco Cairo – 1645

Quer ler mais sobre mitologia? Veja abaixo…

Introdução

Quem é Kratos?

Do Caos a Urano

A vez de Cronos

Zeus, o Caçula

Zeus, o Comedor

Guerra dos Titãs e Deuses

Gigantomaquia

Prometeu

Atena

Gustavo Audi

Se fosse uma entrevista de emprego, diria: inteligente, esforçado e cujo maior defeito é cobrar demais de si mesmo... Como não é, digo apenas que sou apaixonado por jogos, histórias e cultura nerd.

Este post tem 4 comentários

  1. toddy

    Rá, agora comprei um play3 e o jgo do Gow novo, mas é muito difícil, deixei de lado! hehehe

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