A Mitologia por trás de God of War – Guerra entre Titãs e Deuses

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 Quaisquer informações sobre os mitos gregos são versões de narrativas que já existiam. Isso ocorre principalmente em função da imaginação fértil dos poetas e da credulidade dos povos. É importante citar também que o mito não funciona apenas como uma história de aventura, é também uma ferramenta cultural. Um mito, por mais esdrúxulo que pareça, possui um significado mais profundo.

Os links para os outros títulos da série estão no final deste post…

Tô jogando

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Zeus teve dois motivos para iniciar a grande guerra: primeiro, desejava reinar sobre os homens, algo que não agradava os Titãs; e, segundo, queria vingança contra Cronos devido a suas ações contra ele e seus irmãos – basicamente todos os titãs pagaram o preço pelos atos de apenas um. Segundo Atlas, se os titãs perdessem, seria o fim da Idade de Ouro, fim da paz e prosperidade dos homens.

A guerra moldou a paisagem do mundo. De um lado, tínhamos os titãs, colossais, cuja arma era a força bruta; do outro, os deuses, mais precisamente Zeus, Hades e Poseidon (os irmãos mais fortes) e suas armas mágicas.

GOW zeus guerra

Mesmo com a captura de Atlas, a batalha continuou. Zeus, então, forjou a Blade of Olympus, uma espada poderosíssima para acabar com a guerra. Com ela, conseguiu banir todos os titãs para o Tártaro.

Cronos, antes de ser transferido para o Tártaro, vagou pelo deserto com o Templo de Pandora nas costas (só depois que Kratos alcançou a Caixa o titã foi enviado ao Tártaro e depois morto por Kratos). Atlas foi preso no pilar do mundo por Kratos, sustentando-o, pois havia sequestrado Hélio a mando de Perséfone (que também foi morta por Kratos) – isso foi contado em Chains of Olympus.

Com o fim da guerra iniciou-se o reinado de Zeus e sua família sobre o mundo.

GOW guerra

Conta como foi, vai…

Após Cronos beber o líquido criado por Métis, Zeus pôde conhecer seus irmãos. Começavam aí os preparativos mais diretos para a grande guerra – e o primeiro passo provavelmente foi tomarem um banho, afinal, haviam sido “vomitados”. Para aumentar as chances de vitória, a conselho de Gaia, Zeus desceu ao Inferno e libertou os Ciclopes e os Hecatônquiros (aprisionados por Urano e mantidos no Tártaro por Cronos). Enquanto Zeus tramava com os irmãos, os Ciclopes, em agradecimento, forjaram armas poderosíssimas: o capacete para Hades, o tridente para Poseidon e o raios para Zeus.

A Titanomaquia durou 10 longos anos, isso até o triunfo dos deuses. Cronos e os titãs foram confinados no Inferno, sob a vigilância dos Gigantes (filhos de Urano, originados quando seu sangue respingou em Gaia ao ser deposto por Cronos) – para Hesíodo, quem tomou conta dos Titãs no Tártaro foram os Hecatônquiros (Giges, Cotos e Briareu). Briareu, inclusive, casou-se com a filha de Poseidon (ou Treme-terra), Cimopoléia (ou Anda-onda).

Ao contrário do mostrado em GoW, cujo diferencial na guerra foi a Blade of Olympus, no mito, o que mudou o rumo do conflito foi a presença dos hecatônquiros.

Outro possível destino de Cronos afirma que o titã refugiou-se na Ausônia, onde recebeu o nome de Saturno. Lá, reinou em uma nova Idade de Ouro. Inclusive, as Saturnálias seriam uma lembrança desta idade de abundância, igualdade e liberdade. A festa começava pela manhã; após o fim de um banquete público, tudo parava: senado, tribunais, escolas, trabalho – a alegria, a orgia e a liberdade reinavam. Os tabus eram eliminados e a liberdade era total; os escravos eram servidos por seus senhores em uma inversão hierárquica. Anualmente, elegia-se um Saturnalicius Princeps, o rei das Saturnais, que presidia os banquetes, festas e orgias, mas que ao final era sacrificado a Saturno. Isto não lembra bastante uma festa bem brasileira…?

Com a vitória, os três irmãos dividiram o domínio do mundo. Hades ficou com o mundo dos mortos; Poseidon virou soberano dos mares; e Zeus subiu ao Olimpo para comandar a terra, o céu, os homens e os demais deuses.

Contudo, mesmo com a prisão dos Titãs, Zeus não conseguiria reinar em paz, pois os Gigantes ainda desempenhariam um importante desafio ao Senhor do Olimpo… Mas isso ficará para a semana que vem.

Olha que bonito!

Neste afresco de 1597 de Caravaggio, podemos ver os três irmãos que dividiram o domínio do mundo: Zeus com a águia (sozinho do lado direito), Poseidon com o tridente e o hipocampo (meio cavalo, meio peixe) e Hades com seu forcado e Cérbero.

Caravaggio jupiter-neptune-and-pluto(1597)

Nas três obras a seguir vemos a batalha dos deuses com os titãs. A primeira, de 1533, pertence a Perino Del Vaga e mostra os deuses na parte de cima e os titãs na de baixo (provavelmente fazendo alusão ao Tártaro). Com Zeus ao centro sobre sua águia, os outros deuses se espalham pelos lados: do lado esquerdo, Heracles (de pé, segurando a clava), Dioniso (com a coroa de uvas), Hermes (com o pétaso); do lado direito, Hera (e seu pavão), Ares (com o elmo e a lança), Afrodite (sobre os querubins e Eros), Atena (com o elmo).

perino del vaga jupiter destroys the titans1533

Na obra de Joachim Wtewael, de 1600, vemos os titãs na parte de baixo e, em cima, da esquerda para a direita, Hades segurando a foice, Hermes com o caduceu, Poseidon com o tridente, Zeus com o raio, Hera com o cetro e Ares com o elmo e a lança.

Joachim Wtewael the-battle-between-the-gods-and-the-titans-1600

A versão de Gustave Dore, de 1866, é bem estilizada, mas ainda sim representa muito bem o momento do conflito: o esforço brutal dos titãs em uma mistura de defesa e desespero contra a força do raio de Zeus.

Gustave Dore the-clash-of-the-titans-1866

Não deixe de conferir os outros títulos da série…

Introdução

Quem é Kratos?

Do Caos a Urano

A vez de Cronos

Zeus, o Caçula

Zeus, o Comedor

Gigantomaquia

Prometeu

Hefesto, Pandora e as Mulheres

Atena

Gustavo Audi

Se fosse uma entrevista de emprego, diria: inteligente, esforçado e cujo maior defeito é cobrar demais de si mesmo... Como não é, digo apenas que sou apaixonado por jogos, histórias e cultura nerd.

Este post tem 10 comentários

  1. Gabriel Cavalcanti Da Fonseca

    Essas Saturnálias gregas “evoluiram” para os bacanais romanos? Ou as origens são diferentes?

    1. Gustavo Audi

      Na verdade, a Saturnália era uma festa romana. Os bacanais não eram em si as festas, mas as orgias – que, originalmente, eram feitas apenas por mulheres…
      As festas de Baco podem ser gregas (Dionisíacas) ou romanas (Liberais).
      Saturnálias e Dionisíacas são realizadas em datas diferentes.

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