A Mitologia por trás de God of War – Atena

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É com muito pesar que anuncio que este será o último post da série A Mitologia por Trás de God of War

Sei que muitas lendas foram deixadas de fora, mas seria impossível tratar de tudo aqui. Se quiserem, posso fazer um post apenas com as fontes que utilizei. Assim, todos podem consultar o mito que mais lhes agradou.

E se não leram tudo, não deixem de conferir os outros posts da série no fim da página… 

Tô jogando

GOW Athena

Em God of War, Atena, apesar de ter um papel fundamental na trama, aparece muito pouco e sua história quase não é contada. O que podemos tirar é que ela é filha de Zeus, irmã de Ares e que há uma rixa entre os irmãos.

Em uma tentativa de impedir a destruição da cidade de Atenas pelas mãos de Ares, Atena pede ajuda a Kratos, o guia e protege ao longo da aventura (dos três jogos). Além disso, mesmo após o fim do irmão, ela ainda utiliza a força de Kratos para alcançar o objetivo principal – a substituição de Zeus como chefe supremo.

GOW Atena fantasma

Kratos acaba matando Atena por acidente, mas a deusa retorna com uma forma “superior”. No fim do jogo, após Kratos matar Zeus, Atena aparece e diz que finalmente a raça humana pode ouvir sua mensagem, pois está livre do Olimpo e imersa no caos. O herói, no entanto, não cai na conversa da deusa e se mata, liberando o poder de volta ao mundo.

Conta como foi, vai…

Podemos pegar, com base no jogo, três pontos interessantes da vida de Atena: é filha de Zeus, tem problemas com o irmão e é uma estrategista.

Atena, como divindade guerreira, está ligada não à força bruta, mas à arte bélica, à luta racional e justa. Seu objetivo é defender os ideais elevados, estabelecer a paz e assegurar a ordem. De fato, faz sentindo Atena ajudar a jornada de Kratos, pois ela normalmente auxilia as aventuras de heróis, como fez com Perseu, Héracles e Ulisses, por exemplo.

A característica racional de seu comportamento, sua relação com a lógica e estratégia, pode ser explicada pela sua origem. Zeus teve como primeira esposa a oceânide Métis (aquela que o ajudou a salvar os irmãos da barriga de Cronos). Quando Métis ficou grávida, Urano e Gaia revelaram a Zeus que a primeira criança seria uma menina, mas, depois, viria um homem que o destronaria, da mesma forma que ele fizera com Cronos. Assim, no final da gravidez, Zeus engoliu sua esposa a fim de impedi-la de parir um filho mais poderoso que ele.

Parecia que o problema estava resolvido, mas, um belo dia, enquanto Zeus passeava pelas margens do lago Tritônis, uma dor de cabeça muito forte o atingiu. Às pressas, Hermes chamou Hefesto que, com um machado, abriu a cabeça de Zeus. E da ferida aberta surgiu uma belíssima mulher, vestida com uma armadura, elmo e equipada com um escudo e lança. Atena logo ocupou o coração de Zeus, tornando-se a filha querida.

Este amor não era bem visto por outro imortal: Ares. O deus da guerra e meio-irmão de Atena discordava da maneira como ela era tratada pelo pai, que nunca a punia. Por outro lado, o sentimento de repulsa era recíproco, pois Atena o desprezava em função de sua brutalidade e crueldade – ela o chamava de “mainómenos” (louco, encarnação do mal).

Em uma de suas lutas, Ares é ferido por Diomedes (cuja lança foi guiada por Atena) – isso foi contado na Ilíada. Ensanguentado, corre para o Olimpo para se queixar com Zeus, que o recebe com ironias e insultos:

Não me venhas, ó pateta, gemer a meus pés! És o mais odioso de todos os imortais que habitam o Olimpo. Teu único prazer são a rixa, a guerra e os combates. Herdaste a violência intolerável e a insensibilidade de tua mãe [Hera], que, a custo, consigo dominar com palavras.

A deusa, da mesma maneira que Atena traiu Zeus em God of War, também vacilou na mitologia. Obviamente, toda filha mimada faz besteira. Conforme foi contado no post sobre a Gigantomaquia, Atena se uniu a Poseidon e Hera para tentar aprisionar Zeus. Entretanto, Tétis contou o plano para o hecatônquiro Briareu, que foi ao Olimpo tirar satisfação. Sua simples presença fez com que os revoltos desistissem de tudo. Como punição, a filha querida recebeu um: ai, ai, ai, menina feia…

Olha que bonito!

Encontrar obras que retratam a vida de Atena é extremamente fácil, pois foi um personagem bastante utilizado devido a sua identificação com a vitória, raciocínio, inteligência e beleza.

Na figura abaixo, vemos Atena saindo da cabeça de Zeus (com o raio na mão), após o golpe de machado realizado por Hefesto.

Séc. VI a.C.
Séc. VI a.C.

Uma das representações mais conhecidas de Atena, e que não existe mais, é a estatua de 12 metros criada por Fídias no séc. V a. C., chamada Athenas Parthenos (“Atenas Virgem”). Originalmente, ela ficava no interior do Partenon. Na mão direita, a deusa segura uma imagem de Nike (irmã de Cratos, filha de Estige); na esquerda, apoia a mão no escudo com uma serpente ao chão, que representa Erictônio.

Esta é uma cópia da estátua localizada no Parthenon de Nashville (uma reprodução total do original grego)
Esta é uma cópia da estátua localizada no Parthenon de Nashville (uma reprodução total do original grego)

A história de Erictônio é interessante. Um dia, ao receber a visita de Atena, Hefesto ficou excitado com sua beleza e virgindade, indo em sua direção para possuí-la. A deusa fugiu do deus coxo enquanto pôde. Hefesto conseguiu abraçá-la e, neste breve momento, ejaculou. Atena conseguiu se soltar na hora, mas algumas gotas do sêmen caíram em sua perna. Ao limpar e jogar, enojada, o pedaço de lã na terra (Gaia), foi gerado um ser horrendo, metade criança, metade serpente. Atena o escondeu, mas depois de um tempo recolheu-o em seu manto para criá-lo.

Paris Bordone - 1560
Paris Bordone – 1560

Atena não era muito fã do meio irmão Ares, por isso, viviam brigando. E, claro, Atena sempre vencia. Abaixo, seguem duas obras que retratam estes conflitos. Ambas de 1771, o primeiro é de Joseph Benoit e o segundo, de Jacques-Louis David.

Joseph-Benoit-Combat_of_Mars_and_Minerva 1771

O Combate de Marte e Minerva, Jacques-Louis David (1771)

Quer ler mais sobre mitologia? Veja abaixo…

Introdução

Quem é Kratos?

Do Caos a Urano

A vez de Cronos

Zeus, o Caçula

Zeus, o Comedor

Guerra dos Titãs e Deuses

Gigantomaquia

Prometeu

Hefesto, Pandora e as Mulheres

Gustavo Audi

Se fosse uma entrevista de emprego, diria: inteligente, esforçado e cujo maior defeito é cobrar demais de si mesmo... Como não é, digo apenas que sou apaixonado por jogos, histórias e cultura nerd.

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