50 anos de Doctor Who – Não perca o especial em exibição nos cinemas!

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Quem somos, de onde viemos e para onde vamos? Cada um de nós já se fez ao menos uma dessas perguntas. São questões universais.

Faz 50 anos que um programa de televisão inglês busca as respostas, através de seu personagem-título, um homem que viaja pelo espaço e pelo tempo através de sua nave (e cabine telefônica) Tardis.

Doctor Who é o nome do seriado, e como é chamado o Doutor. Na atual fase da série, que remonta a 2005, diversos atores ingleses assumiram a personalidade do Doutor. Um verdadeiro enigma, às vezes mais misterioso e irônico, outras mais destemido e cínico, talvez um dos principais alter egos dos ingleses modernos.

Sábado passado, 23/10/13, aconteceu simultaneamente, em diversos países do mundo, um evento comemorativo de meio século do programa, no qual cinemas selecionados exibiriam um episódio especial em 3D, chamado O Dia do Doutor.

Embora eu já tivesse assistido alguns episódios da fase recente, não tinha a série em tão alta conta quanto a adorável moça que me convidou a conferir o especial na tela grande. Confesso que hesitei em comprar um ingresso na casa dos 40 reais por uma sessão que imaginava poder ser igualmente desfrutada no sofá de casa. Afinal, o que ela poderia ter de mais?

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Compramos os ingressos para a sessão extra, ao meio-dia e meia, no domingo, e, ao sair do elevador, no último andar do shopping de Botafogo, o cinema estava inacreditavelmente repleto. Tomado por adultos, crianças e adolescentes trajando sobretudos, chapéus como aqueles de macacos de realejo, camisas com bandeiras da Inglaterra e com a cabine telefônica azul do Doutor, e diferentes ferramentas tecnológicas de brinquedo como as usadas pelo personagem-titulo.

De onde vieram esses fãs, eu me perguntei. Quem são eles, ocultos na sociedade como o próprio Doutor em Londres? Estávamos maravilhados com aquele clima surreal. Naquele momento transitávamos pelo tempo e pelo espaço, não estávamos num cinema, num shopping, mas num microuniverso, numa cápsula do tempo, numa cabine telefônica, pequena por fora, e grande por dentro, como um coração de mãe.

Esperamos alguns minutos nas filas para entrar e comprar pipoca, e tudo estava simplesmente mágico. A alegria das pessoas era palpável. Nas tevês, o trailer do especial, mostrando o rosto dos diversos doutores – ou o rosto de diversos atores, não fazia diferença. Todos pareciam ouvir o ruído da Tardis se aproximando, eram borboletas no estômago de toda aquele gente. As conversas surgiam naturalmente nas filas, cada um falando do doutor preferido, da satisfação em estar ali, da paixão por uma série que demonstra tanto amor por coisas tão diferentes: ciência, fé,  intelecto, humanidade, diversidade, amizade e paz.

Na sala escura, todos posicionados, óculos no rosto. Com o término dos trailers, a ansiedade acaba quando surge, imponente em sua gravata borboleta, o ator que se despedirá em breve do papel de Doutor, Matt Smith. E, não, não é exatamente o episódio, é simplesmente o Doutor treinando a todos nós, espectadores, no uso da tecnologia 3D (para ele deveras atrasada).

Para delírio do público, os ajustes de imagem promovidos pelo Doutor conseguem ‘ligar’ o efeito 3D, tendo como resultado o aparecimento do Doutor anterior, o ator David Tennant, que também participará de todo o especial. E não é só isso: em seguida, um alienígena típico do seriado aparece falando diretamente conosco, em sua particular compreensão, sobre as regras para se assistir um filme no cinema.

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Se a participação anterior dos doutores já fora espetacular, a prevenção do alienígena aos humanos que pretendam fazer barulho comendo e falar no celular durante o filme chega a ser brilhante. É hilária a cena na qual o etê se regozija mastigando uma simples pipoca, pelo fato de acreditar que ela sente dor.

E, por mais incrível que possa parecer, o episódio ainda nem havia começado! E dele, eu só posso dizer que fiquei arrepiado. Não, quero dizer, na verdade, posso dizer muitas coisas, muitas coisas mesmo. É um grande filme de ficção-científica, em que a ciência e a fantasia se mesclam naturalmente, sem forçações de barra, e com muito bom-humor e leveza.

É um episódio, um especial e um filme maravilhoso, feito para os fãs, e para os que como eu não conhecem os 50 anos da série, mas podem compreender de cara a essência do personagem, a genialidade do conceito de um programa que não se esgota nunca, de um formato vitorioso que é reconhecido por sua qualidade, de roteiro, de interpretação e visual.

Você é um sortudo, pois as sessões de O Dia do Doutor, programadas apenas para o final de semana passado, foram ampliadas devido ao enorme sucesso, e haverão novos horários entre 29/11 e 05/12! Confira aqui o cinema mais próximo de você, e faça parte dessa catarse coletiva.

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Rodrigo Sava

Arqueólogo do Impossível em alguma Terra paralela

Este post tem 2 comentários

  1. SandroR

    Não sou fã da série, não vi nada da série original, a lembrança mais remota que tenho é do filme pra TV dos anos 90 (programei o videocassete pra gravar do Intercine, mesmo sem saber do que se tratava, porque o nome me pareceu estranhamente familiar – passei a acreditar em reencarnação nesse dia)… mas acompanho a série atual e posso dizer que há uma mescla de sensações. É nostálgico, mesmo pra quem não viveu aquilo; a série possui fantasia, é lúdica. Se você não gosta dessa série só significa que sua criança interior foi estuprada e morta por anões vestidos de palhaço. O episódio é estranho, meio “muitas coisas”: meio chato, meio estranho, meio doido. Mas o final deixa qualquer um com um frio na espinha. É simplesmente épico. Épico de um modo meio bobo, tipo as HQs da Era de Prata ou os desenhos do Alex Ross. Vale muito a pena olhar essa série sem preconceitos. É diversão garantida.

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