É preciso haver Representatividade nas mídias!

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A maioria das pessoas já se inspirou em algum personagem, seja de quadrinhos, TV, jogos, enfim; principalmente personagens que tenham características que elas gostariam de ter, ou personagens com quem há uma identificação. Aliás, segundo pesquisas feitas por mim, o motivo principal para o Batman ser tão popular seria o da fácil identificação a um humano “normal”, mais fácil do que se identificar com alienígenas, pessoas com superpoderes. As pessoas têm essa vontade de se sentirem “próximas” aos seus heróis/ídolos.

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Fonte da imagem: http://blogs.diariodonordeste.com.br/navegando/geral/imagem-o-que-o-batman-esta-fazendo-dirigindo-um-onibus/attachment/428131_3097130794544_1452353598_3034542_342964223_n/

O poder da identificação é tão grande que pode ajudar a criar coisas nada legais, como os estereótipos que fundamentam preconceitos. Se você vê nas séries de TV, nos quadrinhos, filmes, jogos, etc., pessoas negras sendo vilãs, e pessoas brancas sendo os heróis que salvarão o dia, é comum que você passe a associar o negro ao vilão, enquanto que ser branco é ser “gente boa”, alimentando ainda mais o racismo; ou, se você vê nessas mídias as personagens femininas sendo o tempo inteiro chatas, choronas, fracas, mais atrapalhando que ajudando, extremamente sexualizadas, fica na mente a ideia ERRADA de que todas as mulheres têm que ser assim. Aí, quando aparece uma que foge desse “padrão”, você acha que ela é “masculinizada” – como se ser forte fosse característica exclusivamente masculina –  e, como você está acostumado com a caixinha da perfeição social, tende a rejeitar aquilo que não está dentro dela e julga como se fosse ruim, inaceitável.

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Inoue Orihime, de Bleach, é só um exemplo de personagem com muito potencial, desperdiçado com choros, chatice e closes desnecessários nos seios.

No que diz respeito às mídias, vemos os casos em que esses pessoas “fora dos padrões hétero, branco, bonito” são incluídas para mostrar para o público que há diversidade sim, como o caso da empregada doméstica negra e/ou gorda;  do amigo negro do protagonista branco; da amiga  que é forte e inteligente e tem uma “quedinha” pelo personagem protagonista branco; ou o melhor amigo gay da mulher patricinha e mimada, que entende de moda e performa Lady Gaga; tem a lésbica masculinizada, que sempre serve como alívio cômico; a mulher bem sucedida financeiramente, que é infeliz porque não tem um namorado; e, claro, tem o amigo gordo que vai servir para fazer piadinhas sobre como é importante ter um amigo gordo no caso de um apocalipse zumbi.

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John Diggle sendo o “amigo negro” do protagonista branco.

E como não citar os repetitivos filmes sobre negros escravos? Okay, alguns são bons, mas será que ninguém consegue pensar em filmes com pessoas negras, nas quais elas não estejam representando pessoas escravizadas? Será que é isso que as pessoas negras são ainda hoje?

Todos esses exemplos guardam por trás uma ideia: se você não se encaixar nos padrões, então nunca terá uma posição de destaque, você sempre será o coadjuvante, ou só lembrarão de você quando for para provocar lágrimas em quem se emociona com imagens da época da escravatura, mas olha desconfiada para uma pessoa negra na rua. O efeito disso é o aumento crescente de pessoas tristes e loucas para se encaixarem num quadradinho, para que possam ser aceitas socialmente. Mas muitas vezes – e só digo “muitas vezes” para não generalizar – isso é impossível!

Por isso é importante que haja personagens diferentes desse “padrão” que vem sendo copiado há tanto tempo. É preciso que haja gays, lésbicas, pessoas negras, asiáticas, pessoas trans* ou travestis, executando papéis diferentes daqueles a que comumente são relegados, para que a sociedade que consome esse tipo de informação se acostume com a ideia de que as pessoas não cabem em caixinhas quadradas e cinzas, não são todas iguais.

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Viola Davis, e trecho de seu discurso, ao ganhar o Emmy de Melhor Atriz Em Série de Drama, em 2015 (Deusa <3).

E é claro que, nos dias de hoje, as coisas tem melhorado um pouco. Temos séries maravilhosas mostrando pessoas incríveis e “fora do padrão”, grandes filmes trazendo personagens femininas, negras, enfim. Mas ainda é pouco. Até que a sociedade perceba que o mundo não precisa ser quadrado, e que todos podem conviver em suas diferentes formas, vamos continuar pedindo mais representatividade.

Hypolita Prince

"Nerd" por acaso, e ainda não satisfeita com a denominação. Escrevo sobre feminismo, e outros assuntos que me interessem. Não os desenvolvo tanto quanto gostaria, mas é por preguiça de organizar as ideias nos textos.

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