10 Anos Depois: Cordel Do Fogo Encantado

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Com o slogan de Música+Atitude, a MTV Brasil trouxe vários artistas nacionais para a cena mainstream entre 2005 e 2007. Programas como o Jornal da MTV, Banda Antes e Lado B faziam essa função e nos apresentaram a bandas como Móveis Coloniais de Acaju, Ludov, o finado você-pode-ir-na-janela Gram e a banda da qual falaremos hoje no 10 Anos Depois: Cordel Do Fogo Encantado.

 

Tendo começado como um grupo teatral, o Cordel foi criado em 1997, lá em Pernambuco, mais precisamente em Arcoverde. Foi um sucesso pelo interior do estado até a entrada de duas pessoas que mudariam completamente o rumo do grupo, os percussionistas Nego Henrique e Rafa Almeida.

Além da poesia, os ritmos africanos foram adicionados ao grupo e, de repente, a música virou prioridade, transformando os caras num respiro da música folk nacional como não se via desde Chico Science com a Nação Zumbi.

Já com um álbum debaixo do braço, em 2002, os caras voltaram para o estúdio e gravaram o que iria trazê-los a grande mídia: O Palhaço Do Circo Sem Futuro. Lançado no primeiro semestre de 2003, o disco foi elogiado por todos os críticos que vocês possam imaginar (apesar de ser um som para poucos, muito poucos).

As letras, ou melhor, as poesias de José Paes de Lira, o Lirinha, eram ácidas, provocativas, retratando a realidade de uma região ignorada quando se fala de música e cultura… e a Gaby Amarantos pensando que encabeçou alguma luta contra preconceito regional, coitada.

Entendendo que a banda tinha potencial, a própria MTV Brasil começou a dar cada vez mais espaço aos caras, não era estranho vê-los com pompas de pop star em paradas do Disk MTV em meados de 2004. Menos de um ano depois um DVD apresentando os caras era produzido pelo canal.

Os prêmios conquistados pela banda não foram poucos, vão do APCA (prêmio importantíssimo para qualquer pessoa que produza arte no Brasil) até o Troféu Caras (quem se importa com ele?).

A carreira foi longa, porém com poucos registros. São apenas três álbuns que flertam com as artes cênicas e uma produção audiovisual bem interessante, principalmente quando falamos do último álbum, Transfiguração, de 2006.

Em 2010, a banda acabou, Lirinha disse que queria seguir novos caminhos e assim perdemos uma banda que teria muito a ensinar. Fica a memória de ver algo levemente puxado para os ritmos afro em paradas de sucesso… 2004 foi realmente um ano inesquecível.

cordel do fogo encantado

Gaby Molko

Paulista, musicista, jornalista, detalhista, sessentista, comentarista, imediatista e polemista.

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